Valor econômico, v.19, n.4699, 27/02/2019. Política, p. A8

 

Previdência militar irá como projeto de lei 

Cristiane Agostine 

27/02/2019

 

 

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, desmentiu ontem o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) e disse que a proposta de reforma da Previdência dos militares será enviada ao Congresso por meio de projeto de lei e não por medida provisória. Na segunda-feira, o parlamentar havia dito que o governo estuda mudar a aposentadoria dos militares por MP.

"Eu vi que o líder do governo andou falando sobre isso aí. Na realidade ela [reforma] pode ser mandada por medida provisória, que tem de ser votada ou não, mas vai ser encaminhada via projeto de lei, que são cinco leis a serem alteradas", afirmou ontem Mourão, depois de participar em São Paulo da solenidade de posse do conselho diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).

Durante o evento, Mourão afirmou que o atual sistema geral de Previdência é uma "pirâmide financeira". "O sistema que nós temos hoje não passa de uma pirâmide financeira, onde os mais velhos como eu, vão receber, e os mais novos vão trabalhar até morrer. Não tem reserva para você", afirmou o vice-presidente a um jovem, no evento.

Mourão disse que a reforma da Previdência é a "primeira das grandes batalhas" e disse que se o governo não fizer nada, "em 2022 o país para. "Vamos apenas pagar salários e aposentadorias. Não teremos mais recursos para custeio nem para investimentos. Daí a importância desse passo."

Ao falar com jornalistas depois do evento, o Mourão afirmou que o Brasil continuará a usar a "diplomacia como método" na relação com a Venezuela. Segundo Mourão, é preciso "pressionar" o presidente venezuelano Nicolás Maduro até que ele se retire do governo.

"Nossa posição é usar a diplomacia como método e as pressões políticas e econômicas necessárias até que o senhor Nicolás Maduro compreenda que é a hora de ele se retirar", afirmou, um dia depois de ter participado da reunião do Grupo de Lima, na Colômbia, para definir a estratégia dos países em relação à crise na Venezuela.

O vice criticou o pedido do Ministério da Educação (MEC) para as escolas de todo o país gravarem alunos cantando o hino nacional e disse que "a forma" como o pedido foi feito "não ficou boa". No ofício, o MEC usou o slogan da campanha de Jair Bolsonaro, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Ontem, o ministro da Educação, Ricardo Vélez, reconheceu o "erro".

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Carlos cobra de aliados apoio à reforma 

Alessandra Saraiva 

Cristian Klein

27/02/2019

 

 

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, usou ontem a rede social Twitter para defender a reforma da Previdência, entregue ao Congresso Nacional na semana passada. Ele reclamou do silêncio, por parte de alguns parlamentares eleitos com a ajuda de seu pai, quando o assunto é a reforma. "Gostaria de ver mais deputados eleitos por Bolsonaro defendendo a não tão popular, mas necessária proposta da Nova Previdência. Sabemos que alguns já o fazem, mas qualquer um vê que a esmagadora maioria nem toca no assunto. Um time tem que jogar junto interessado só no Brasil!", afirmou.

Em outro tuíte, Carlos postou matéria, sem citar a fonte, em que supostamente o meio jurídico estaria resistindo ao aumento de contribuição previdenciária de servidores, previsto na reforma. "Todos contribuirão com a Nova Previdência, cortando regalias de políticos a magistrados. Nenhum governo jamais teve a coragem de enfrentar os mais ricos, como faz Bolsonaro. Não caiam em mentiras. Temos a chance única de resgatar o Brasil e fazer justiça com todos!", afirmou Carlos Bolsonaro.

O vereador voltou à carga também a um dos seus assuntos prediletos: a ideia de que o agressor do pai, Adélio Bispo Oliveira, ex-filiado do Psol, não teria agido sozinho ao dar uma facada no então candidato, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em setembro.

"Imagine se fosse um candidato à Presidência do Psol levando uma facada de um ex-integrante do partido de Bolsonaro e tivesse fotos ainda mostrando sua veneração pela ideologia de direita... o que parte desta imprensa imunda junto a este partideco estariam fazendo até hoje?", publicou em seu perfil na rede social. Até o momento, as investigações do atentado mostram que Adélio atuou como um 'lobo solitário', sem relações com partidos ou a mando de terceiros.