Título: Brasil como mediador
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2012, Mundo, p. 12

Brasil como mediador

O chanceler brasileiro afirmou que o Brasil está disponível para trabalhar como mediador pela paz no Oriente Médio, principalmente em relação ao diálogo entre Israel e Palestina. Em reunião com o presidente israelense, Shimon Peres, Antonio Patriota assegurou que o Estado brasileiro, por não ter inimigos, está em uma situação estratégica para atuar nas negociações. “Talvez, estejamos em uma posição única para ouvir todos os lados e participarmos nos esforços de paz.” Ele se mostrou preocupado com a paralisação das conversas entre os vizinhos. “Gostaríamos de ver um progresso substancial no processo de paz entre israelenses e palestinos”, destacou o ministro.

Peres respondeu que Israel também deseja a paz com a Palestina, mas pediu cautela nas conversas. “Temos que ser cuidadosos durante esse período de transição (até as eleições de janeiro de 2013), até que as coisas fiquem claras, para não danificar as relações já existentes com os palestinos”, alertou. As “relações amigáveis com todos os integrantes das Nações Unidas” e o peso econômico do Brasil foram duas características levantadas pelo ministro de Relações Exteriores para mediar conflitos.

O governo brasileiro é a favor da criação de um Estado palestino livre e independente. Em discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, a presidente Dilma Rousseff reafirmou essa postura: “Reitero minha fala de 2011, quando expressei o apoio do governo brasileiro ao reconhecimento da Palestina como membro pleno das Nações Unidas. Acrescentei, e repito agora, que apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender os legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política regional”.

Hoje, Patriota visita a Palestina, na primeira viagem de um chanceler brasileiro desde que o Brasil reconheceu o Estado palestino, em dezembro de 2010. Ele se encontrará com o ministro de Relações Exteriores, Riad Malki, na cidade Ramalah, na Cisjordânia, e com o negociador-chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat. O brasileiro também será recebido pelo presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, e pelo primeiro-ministro, Salam Fayyad. Nos eventos de hoje, o chanceler pretende analisar projetos de cooperação nos setores de agricultura, saúde e urbanismo com a Palestina, além de falar das negociações de paz entre o Estado islâmico e a nação judaica. Patriota voltará amanhã de manhã ao Brasil.

Atentado em Gaza

Pelo menos cinco palestinos morreram em ataques aéreos de Israel contra a Faixa de Gaza no último fim de semana. Entre as vítimas está o xeque Hicham Al-Saedini, 43 anos, líder da organização salafista Tawhid wal-Jihad, uma das principais na localidade. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou que suas tropas continuariam “respondendo de forma agressiva e com força, inclusive com ataques preventivos, (às ofensivas) dos jihadistas”.

Na manhã de ontem, o ativista da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) Yasser Mohammad Al-Atal, 23 anos, morreu e ao ser alvejado quando circulava de moto com um colega em Khan Yunis (sul). Outros dois jovens foram mortos em Deir Al-Balah durante a tarde. O Exército de Israel assumiu a autoria dos três atentado.

"Talvez, estejamos em uma posição única para ouvir todos os lados e participarmos nos esforços de paz" Antonio Patriota, ministro de Relações Exteriores