O Estado de São Paulo, n. 45966, 24/08/2019. Metrópole, p.A26

 

Governador do PSL nega queimadas

Morris Kachani

Gabriel de Campos

24/08/2019

 

 

 

Chefe do Executivo de Roraima saiu em defesa de gestão Bolsonaro; Amazonas atribui alta de incêndios a ação de pecuaristas e madeireiros

BRASÍLIA

 

O governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), negou ontem que o Estado sofra com queimadas, embora o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tenha apontado a região como uma das que têm mais focos de incêndio do País. O correligionário do presidente Jair Bolsonaro disse estar tudo “sob controle” e saiu em defesa do Executivo federal. Já o governador de Amazonas, Wilson Lima (PSC), atribuiu o avanço do fogo à pecuária e a madeireiros e refutou culpa de organizações não governamentais (ONGs).

Denarium, em nota ao Estadão/Broadcast Político, destacou que a Amazônia é patrimônio “de todos” e o País e os Estados precisam de apoio federal para formar brigadas de combate a incêndios. Segundo o Inpe, o País já registrou 76,7 mil focos de incêndio desde 1.º de janeiro – 84% mais ante o mesmo período de 2018. Em Roraima, foram 4,6 mil.

“O Estado sozinho não tem recursos pra fazer o combate a incêndios na floresta. Porém, eu, Antonio Denarium, estou de acordo com as ações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Para resolvermos as queimadas, precisamos resolver um problema estrutural da Amazônia que é a regularização fundiária e ambiental”, disse.

Lima refutou a hipótese citada por Bolsonaro esta semana – de que os incêndios seriam culpa de ONGs –, mas evitou críticas diretas ao presidente. Ele defendeu a importância do Fundo Amazônia, mas chamou de “pirotecnia” o modo como líderes mundiais se manifestaram. Isso, diz ele, pode ter efeitos econômicos “significativos”.

Acre e Pará. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou que incêndios no Estado são frutos do desmate “pontual, provavelmente” pela atividade criminosa. “Tudo ganha proporção mais elevada, com diminuição das chuvas, que acaba retratando a realidade de focos de desmatamento.”Barbalho disse que o Estado não tem verba para agir sozinho e evitou conflito com Bolsonaro sobre a suposta culpa das ONGs e disse que é hora de unir forças.

O governador do Acre, Gledson Cameli (PP), publicou ontem decreto de emergência por “desastre classificado e codificado como incêndio florestal”. Segundo o decreto do Executivo, há risco de desabastecimento de água em algumas regiões. Cameli disse que “não interpretou mal”, mas que Bolsonaro se equivocou ao criticar os governadores do Norte nos esforços para apagar os incêndios. “Foi o calor do dia a dia, no estresse, que ele cometeu o equívoco.” / GIOVANA GIRARDI, PEDRO VENCESLAU, FELIPE FRAZÃO, PATRIK CAMPOREZ, BRUNO RIBEIRO, MATEUS VARGAS e JÚLIA MARQUES