Valor econômico, v.19, n.4689, 13/02/2019. Política, p. A6

 

Casa Civil articula entregar lderança do governo no Senado a emedebista

Fabio Murakawa 

Vandson Lima 

13/02/2019

 

 

Em meio à reorganização das forças políticas no Congresso, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), trabalham para que o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) seja líder do governo Casa - algo que, segundo diversas fontes, está muito próximo de acontecer.

O MDB também será contemplado com a presidência das comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Mista de Orçamento (CMO) e de Educação. A formalização do comando das comissões temáticas do Senado ocorre nesta quarta, depois que líderes partidários chegaram a um consenso em reunião ontem com Alcolumbre.

A distribuição de cargos ao MDB ocorre no contexto de um esforço do presidente do Senado de pacificar a Casa, depois da conturbada eleição que o alçou ao cargo, há onze dias, derrotando o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Aliado do senador alagoano, Bezerra Coelho foi convidado por Alcolumbre que, segundo uma fonte, recebeu "procuração do governo" para negociar o posto.

Essa fonte afirma que, para que o nome de Bezerra seja formalizado, "só falta o presidente [Jair Bolsonaro] sair do hospital" em São Paulo, onde se recupera da cirurgia para a retirada de uma bolsa de colostomia.

O governo quer evitar que se repita no Senado o que avalia ter sido um "erro" cometido na escolha de Major Vitor Hugo (PSL-GO) para líder na Câmara. Em seu primeiro mandato, ele é tido como inexperiente e sem muito trânsito com os colegas. A primeira reunião com líderes partidários convocada pelo deputado na semana passada teve baixo comparecimento - um vexame não só para Vitor Hugo como para o Planalto.

O governo também está de olho nos votos do MDB, maior bancada da Casa com 13 senadores, fundamentais para a aprovação de projetos importantes, como a reforma da Previdência. "Acredito que vamos ter uma vida mais fácil no Senado do que na Câmara", diz uma fonte do Planalto, que confirma que "só falta o 'tá ok' do presidente" para a confirmação de Bezerra.

O senador trabalhou no MDB pela indicação de Renan à presidência da Casa em detrimento da candidatura de Simone Tebet (MS). Foi também líder do governo Michel Temer e ministro da Integração Nacional durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Tebet, que foi cabo eleitoral de Alcolumbre, será indicada pelo partido para presidir a CCJ. Dario Berguer (SC) ficará com a Educação e Marcelo Castro (PI), que também foi ministro de Dilma, na Saúde, comandará a CMO.

A CCJ terá duas subcomissões, responsáveis por acompanhar a reforma da Previdência, que tramitará antes na Câmara, e o pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O PSD comandará a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e indicará Omar Aziz (AM) para chefiar o colegiado. Logo nas primeiras semanas, a CAE deverá sabatinar o economista Roberto Campos Neto, indicado para a presidência do Banco Central pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

O partido também ganhou o comando da Comissão de Relações Exteriores. O PSL ficou com a Comissão de Agricultura. O DEM presidirá a Comissão de Infraestrutura. Já o PSDB ganhou duas comissões: Desenvolvimento Regional e Fiscalização e Controle.

O Rede vai presidir a comissão de Meio Ambiente. O PP comandará a Comissão de Ciência e Tecnologia. O Podemos presidirá a Comissão de Assuntos Sociais.

O PT, principal partido da oposição, ficou com a Comissão de Direitos Humanos (CDH).