Título: Susto no metrô e acidentes
Autor: Ribas, Sílvio ; Pompeu, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2012, Economia, p. 10

Motoristas e usuários do transporte coletivo pagaram alto pela falta de luz. Passageiros tiveram que andar pelos trilhos para chegar às plataformas. Vários passaram mal e foram socorridos

SHEILA OLIVEIRA ANA POMPEU MARIANA LABOISSIÈRE

Os brasilienses sofreram na pele os efeitos da falta de energia que atingiu ontem 70% da capital federal. Além dos prejuízos no comércio, na educação, na saúde e em muitas empresas, que tiveram de dispensar funcionários, quem precisou se locomover também enfrentou dificuldades. Motoristas e passageiros encararam cruzamentos congestionados por causa de semáforos intermitentes. Usuários do Transporte Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) chegaram a ficar presos em vagões. Houve um acidente no Sudoeste, mas nem o Corpo de Bombeiros, nem a Polícia Militar souberam informar o estado dos envolvidos. Eram por volta das 13h quando alguns trens do Metrô em meio aos túneis. De acordo com o estudante Kevin Santos, 17 anos, houve tumulto. "Esperamos providências por cerca de 45 minutos. Algumas pessoas passaram mal por causa do calor e da superlotação. Uma grávida chegou a desmaiar. Tivemos de empurrar as janelas para sair. Eu acabei me machucando", contou. O Metrô ficou inoperante em todas as 24 estações por cerca de três horas. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, apenas dois vidros de um mesmo vagão foram quebradas porque as saídas de emergência foram acionadas.

Entre as estações Asa Sul, que fica no Setor Policial Sul, e Shopping, no ParkShopping, os passageiros chegaram a deixar o trem e caminhar pelos trilhos para a plataforma mais próxima. De acordo com funcionários do Metrô, depois de quase uma hora, um gerador foi temporariamente acionado e o veículo retornou para a Asa Sul. "Deu para perceber que eles não estão preparados para este tipo de situação", ressaltou a servidora pública Maria de Oliveira Neta, 53 anos, que optou por fazer o caminho a pé. "Não nos avisaram que era falta de energia."

O Corpo de Bombeiros chegou a fazer atendimentos nos túneis. Segundo a corporação, pelo menos três idosos, uma gestante e quatro adultos tiveram de ser examinados. Duas pessoas foram encaminhadas ao Hospital de Base do Distrito Federal por causa de grave quadro de hipertensão. Elas tiveram de ser transportadas em carros particulares porque só havia uma viatura dos bombeiros no local. Os passageiros disseram que houve dificuldade na comunicação com a central de atendimento do Corpo de Bombeiros pelo 193. "A gente tentava ligar e não completava a ligação. Não sei se pela falta de energia ou por estar dentro do vagão", contou Luzineide Castro, 37 anos, grávida de três meses.

No Sudoeste, houve colisão de veículos. PM e Bombeiros não souberam informar estado dos envolvidos

Um bombeiro que preferiu não se identificar afirmou que, com o apagão, foram registradas panes no sistema da Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade). Eles tiveram que usar os telefones pessoais para se comunicar com os batalhões, disse. A Secretaria de Segurança do DF divulgou, porém, que o Ciade não teve os serviços afetados por possuir no-breaks para os computadores.

O Metrô informou que às 16h15, 15 trens voltaram a funcionar. Uma hora depois, no horário de pico, outros seis carros também entraram em operação, apesar da oscilação da energia.