Título: Draghi acalma os espanhois
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Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2012, Economia, p. 15

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou ontem que a instituição está pronta para comprar títulos de países em dificuldade da zona do euro, como a Espanha, e que as exigências para isso não precisam ser ter consequências negativa. "As condições não precisam ser necessariamente punitivas", disse Draghi.

O presidente do BCE, no entanto, refutou sugestões de que a instituição vai ajudar a Grécia estendendo os vencimentos da dívida que detém do país. Explicou que isso seria financiar um governo, o que é proibido.

Na primeira reunião do BCE desde que Draghi divulgou um plano controverso de compra de títulos há um mês, os mercados estavam buscando sinais de um eventual pedido de ajuda formal por parte da Espanha. Draghi não deu esses sinais, mas disse que a Espanha fez "progresso significativo" na resolução de seus problemas fiscais. Afirmou também que o programa de compra de títulos — chamado de Transações Monetárias Diretas (OMT)— acalmou os mercados financeiros, mesmo sem ter sido usado ainda.

Após as declarações de Draghi, o euro subiu em relação ao dólar e as ações de Wall Street abriram em alta, como resultado a avaliação positiva do impacto do plano de compra de títulos. Mas essa resposta positiva já começou a se dissipar, em meio a preocupações de que a Espanha está resistindo em fazer um pedido de resgate formal.

O presidente do BCE negou-se a comentar se os juros dos títulos espanhóis estão em níveis apropriados. Em leilão realizado mais cedo, os custos de empréstimo do país caíram. "Eu posso dizer que hoje nós estamos prontos com o nosso OMT", disse em entrevista na Eslováquia.

Três anos Os ganhos dos títulos de dois anos da Espanha subiram mais de meio ponto percentual durante o último mês, algo que, na avaliação de analistas, demonstra que ações, e não palavras, são necessárias para resolver a crise da Zona do Euro, que já dura três anos.

Com um país assolado por protestos contra a austeridade e ameaças separatistas por parte da rica região da Catalunha, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, tem se negado a buscar um resgate, em parte pelas restrições impostas pela Alemanha.

Rajoy também está preocupado com a percepção de que as políticas da Espanha estariam sendo ditadas do exterior, apesar de analistas dizerem que o BCE não deve colocar condições excessivamente rigorosas para a compra de títulos. O limite, acreditam, é o que é estabelecido pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).