Título: O último esforço em busca do voto
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2012, Mundo, p. 19

Chávez encerra campanha em Caracas e cita programas sociais. Capriles visita três estados

Fortes críticas ao adversário e o último pedido de votos para se tornar o próximo líder da Venezuela foram as características mais evidentes nos comícios de encerramento da campanha de Hugo Chávez e do opositor Henrique Capriles Radonski, que concorrem nas eleições presidenciais de domingo. Chávez escolheu finalizar seus atos públicos na Avenida Bolívar, em Caracas, em meio à chuva e a denúncias de que funcionários públicos receberam ponto facultativo para comparecer ao evento. Com um último fôlego, Capriles optou por visitar três estados: Apure, Cojedes e Lara, locais onde fez questão de dizer que "não tem que obrigar ninguém a ir a seus atos políticos".

Literalmente pedindo votos aos eleitores, atitude incomum para o presidente venezuelano, Chávez discursou brevemente para milhares de simpatizantes, que tomaram diversas ruas de Caracas. O candidato à reeleição apelou por "uma avalanche de votos" e exortou seus eleitores a chegarem cedo às zonas eleitorais. A fim de mostrar-se como a melhor opção, o líder bolivariano citou os programas sociais que implantou desde 1999. "Hoje, não há fome na Venezuela", assegurou. Ele prometeu que, caso seja reeleito, erradicará a miséria e o desemprego nos próximos seis anos. "Nenhuma família ficará sem uma moradia digna, e vou construir mais universidades", completou, a fim de angariar o apoio da classe média e dos jovens. Chávez chamou o adversário de "candidato dos ricaços" e dos corruptos.

No primeiro ato público do dia, Capriles agradeceu a presença de simpatizantes do estado de Cojedes e atacou o adversário. "Quero agradecer a todos vocês porque aqui ninguém está porque foi obrigado, estão todos os que querem estar." Com dores nas costas, o ex-governador de Miranda falou rapidamente aos eleitores, convidando-os a deixar de lado a divisão no país e pedindo que "votem e levem outras pessoas para votar". Em sua segunda parada, o candidato da oposição garantiu à população de Apure que ganhará a votação de domingo, a fim de "acabar com o medo, com a violência e com a preferência partidarista de pessoas se vestirem de vermelho (cor do chavismo) para receberem regalias do governo". Ele encerrou o dia em Lara, onde foi recebido por milhares de simpatizantes.

Comício "obrigatório"

Segundo o jornal El Universal, diversos órgãos estatais não funcionaram em Caracas ante o convite aos trabalhadores para que marchassem por Chávez. O Ministério da Educação e o Banco Nacional de Moradia e Habitação tiveram expediente apenas pela manhã. Ramón Guillermo Aveledo, secretário executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD) — coligação de Capriles —, denunciou ter recebido evidências de ameaças contra funcionários do Estado para que não fossem às ruas da capital venezuelana. Ele apresentou como prova um memorando da Secretaria Setorial de Segurança Cidadã da Prefeitura de Vargas, onde consta que os empregados deveriam ir, em "caráter obrigatório", ao encerramento da campanha chavista.

O diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da American University (EUA), Eric Hershberg, acredita que tais acusações não sejam verdadeiras. "Não creio que os funcionários públicos sejam obrigados a comparecer à Avenida Bolívar, mas tenho certeza de que eles são encorajados a fazê-lo", avaliou. "Além disso, muitos se vestirão de vermelho e irão às ruas porque apoiam o governo."