Correio braziliense, n. 20482, 19/06/2019. Política, p. 3

 

Bolsonaro cita o caso Rhuan

Ingrid Soares

Rodolfo Costa

19/06/2019

 

 

O presidente Jair Bolsonaro defendeu, ontem, pena de prisão perpétua para as acusadas de matar e esquartejar Rhuan Maycon, 9 anos, em Samambaia Norte, no último dia 31. Um ano antes de ser brutalmente morto, o menino, filho de uma delas, teve o pênis amputado em uma cirurgia caseira. O chefe do Planalto desejou que as acusadas apodrecessem na cadeia.

“Está na Constituição, no capítulo das cláusulas pétreas, que no Brasil não haverá pena de morte, caráter perpétuo, banimento. Então, a gente não pode nem pensar em falar isso aí. Mas a vontade que dá na gente é que essa pessoa apodreça na cadeia, quem cometeu o ato bárbaro. A própria mãe com a outra colega, um casal de lésbicas cometeu esse crime hediondo aí”, sustentou. “O que passa na cabeça de qualquer um é uma prisão eterna para quem fez essa maldade. Primeiro, castrando o garoto, aí vem aquela tal de ideologia de gênero”, acrescentou.

O caso reforça a necessidade de o país adotar leis mais rígidas, ponderou Bolsonaro. Ele aproveitou para defender o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro. “Não deixando que a progressão comece muito cedo, como o projeto do Moro, que começa a inibir esse tipo de violência”, justificou. O presidente também havia se pronunciado sobre o assunto em uma publicação nas redes sociais. Ele postou: “O chocante caso do menino Rhuan, que teve seu órgão genital decepado e foi esquartejado pela própria mãe e sua parceira, é um dos muitos crimes cruéis que ocorrem no Brasil e que nos faz pensar que, infelizmente, nossa Constituição não permite prisão perpétua”.

A pauta da segurança pública foi amplamente abordada ontem pelo presidente, que também apelou aos parlamentares para que mantivesse o Decreto nº 9.785/2019, que flexibiliza o porte e comercialização de armas de fogo e munições — horas depois, porém, o Senado derrubou o documento. Ele fez o apelo na cerimônia do lançamento do Plano Safra 2019/2020, sustentando que a medida é importante para os agricultores protegerem as terras de invasores.

Privatização

Bolsonaro também comentou sobre mudanças na estrutura do governo. Ele disse que o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) deve ser transferido da Secretaria de Governo para a Casa Civil. “Está sendo discutido isso. Deve ir para o Onyx (ministro Onyx Lorenzoni). Não vamos ter problemas com essa nova configuração”, explicou.

Ele mencionou, ainda, que o governo “deu sinal verde para buscar a privatização” dos Correios, embora não tenha escolhido um sucessor para o atual presidente, general Juarez Cunha. O chefe do Planalto frisou, contudo, que a medida vai passar pelo Congresso. “Tem alguns nomes aparecendo. Logicamente, o presidente que vai assumir vai cumprir seu papel, e o governo deu sinal verde para buscar a privatização, se bem que ela passa pelo Parlamento também”, ressaltou.