Título: O fator novela
Autor: Seffrin, Felipe
Fonte: Correio Braziliense, 17/10/2012, Política, p. 3

Com a notícia de que o comício de Fernando Haddad foi adiado se sexta para sábado por causa do último capítulo de Avenida Brasil, a novela entrou no patamar das produções televisivas que influenciaram de alguma forma o clima político-eleitoral. Em 1978, o fim de O astro mobilizou o país, incluindo o meio político. Em uma visita a Brasília, o diretor Daniel Filho foi questionado pelo então presidente, Ernesto Geisel, sobre o principal mistério da trama: quem era o assassino de Salomão Hayalla. O último capítulo também esvaziou a cerimônia em que o ministro de Relações Exteriores da época, Azeredo da Silveira, recebeu o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger.

O relato é do especialista em novelas e autor do livro Almanaque da telenovela brasileira, Nilson Xavier. Ele lembra que, em 1989, duas produções foram acusadas de partidarizar o momento eleitoral. O salvador da pátria estaria exaltando o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva ao retratar a ascensão de um homem simples e sem estudos a um posto político; e Que rei sou eu estaria fazendo referência a Fernando Collor de Mello, com o personagem Pichot sendo moldado para se tornar monarca.