Valor econômico, v.19, n.4686, 08/02/2019. Finanças, p. C3

 

Campos Neto defende a Senado inflação na meta 

Isabel Versiani 

08/02/2019

 

 

O economista Roberto Campos Neto, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a presidência do Banco Central (BC), destacou em texto encaminhado ao Senado a importância de a inflação ter se consolidado em torno da meta e de as expectativas de inflação estarem ancoradas. Essas condições permitiram a redução sustentável das taxas de juros e contribuíram para a recuperação da economia, escreveu Campos Neto.

O texto acompanha a mensagem de indicação do economista encaminhada pela Presidência da República ao Senado, responsável por avaliar a nomeação do presidente e dos diretores do Banco Central. Campos Neto afirmou que, caso seu nome seja aprovado, vai presidir o Banco Central com autonomia para cumprir a missão de assegurar a estabilidade monetária e a solidez do sistema financeiro.

O economista também ressaltou sua experiência e interesse em questões relacionadas às inovações tecnológicas no sistema bancário e disse que quer contribuir para preparar o Banco Central para o "mercado do futuro".

A documentação enviada aos senadores inclui ainda o currículo de Campos Neto, diplomas acadêmicos, certidões negativas de débito e uma declaração sobre eventuais conexões pessoais com atividades relacionadas à sua atuação no Banco Central.

Na declaração, Campos Neto informou que se desfez em dezembro da participação acionária que tinha no banco Santander, onde trabalhou de 2010 até ser indicado para o BC, em novembro. Também declarou ser proprietário de quatro empresas sediadas no exterior, voltadas para investimento de recursos próprios. Três das empresas são administradas pelos bancos Goldman Sachs, Safra e UBS. A quarta é uma gestora de bens imóveis. Aos senadores, Campos Neto assumiu o compromisso de não movimentar os recursos, se não por meio de gestor independente, enquanto estiver à frente do Banco Central, caso seu nome seja aprovado.

A sabatina de Campos Neto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pode acontecer ainda este mês. Na próxima semana, será oficializada a definição do nome do presidente da comissão que, segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deve ser o senador Omar Aziz (AM-PSD).

Campos Neto já está trabalhando no governo como assessor especial do ministro da Economia, Paulo Guedes. Nessa condição, tem tratado de assuntos correlacionados ao Banco Central, como as condições do Plano Safra. A expectativa é que sua posse no BC aconteça a tempo de ele poder presidir a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 19 e 20 de março.