O Estado de São Paulo, n. 45955, 13/08/2019. Política, p.A7

 

Raquel prorroga por mais um ano Lava Jato no Paraná

 

 

 

 

Rafael Moraes Moura

13/08/2019

 

 

 

Grupo de trabalho foi criado em 2014, a partir das investigações sobre corrupção na Petrobrás; esta é a quinta renovação

DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Raquel. Decisão de renovar trabalhos da força-tarefa

 

Em campanha para ser reconduzida ao cargo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidiu ontem prorrogar por mais um ano os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato no Paraná. Esta é a quinta vez que as atividades do grupo são prorrogadas, desde a sua criação, em 2014.

A prorrogação ocorreu um dia antes de reunião do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que pode analisar dois processos envolvendo a atuação do procurador Deltan Dallagnol. A expectativa de integrantes do CNMP, no entanto, é a de que a discussão desses casos seja adiada. Os itens podem ser retirados de pauta no início da sessão, pela manhã.

Um dos casos tem a ver com um recurso de Dallagnol contra a decisão de instaurar um processo administrativo disciplinar. O episódio diz respeito às declarações do procurador à rádio CBN, em que sugeriu que o Supremo Tribunal Federal passa a imagem de leniência a favor da corrupção.

O outro, movido pelo senador Renan Calheiros (MDBAL), se refere a críticas feitas por Dallagnol ao longo da campanha eleitoral do ano passado.

De acordo com a assessoria da Procuradoria-Geral da República (PGR), apesar das restrições impostas pela emenda constitucional do teto de gastos, foram destinados no primeiro semestre deste ano R$ 808 mil para as despesas com viagens relacionadas às investigações do esquema bilionário de corrupção na Petrobrás.

A portaria que informa a prorrogação das atividades do grupo deve ser publicada hoje.

 

Toffoli. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, criticou ontem a “percepção” de que a Lava Jato virou uma “instituição”. Segundo ele, a investigação nasceu de acordos republicanos, feitos pelos três Poderes, e a operação “não manda nas instituições”.

“Não se pode permitir na República que algo se aproprie das instituições. Temos que dizer isso abertamente. A Operação Lava Jato é fruto da institucionalidade, não é uma instituição”, disse o ministro, durante evento do Lide. “Um país não se faz de heróis, se faz de projetos.”

Ele criticou ainda a tentativa de criação de um fundo de R$ 2,5 bilhões voltado para a operação./ COLABORARAM FRANCISCO CARLOS DE ASSIS, ALINE BRONZATI e BÁRBARA NASCIMENTO

 

'Apropriação'

“Não se pode permitir que algo se aproprie das instituições. A Lava Jato é fruto da institucionalidade, não é uma instituição.”

Dias Toffoli

PRESIDENTE DO STF