Título: Confiança no Brasil
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 17/10/2012, Economia, p. 10

Pesquisa feita com cerca de 24 mil executivos de 95 países revela que a crença dos investidores na recuperação da economia brasileira só é menor do que na da Índia. De acordo com o Índice de Confiança Comercial, o Brasil atingiu 133 pontos da pesquisa, contra 148 da medição anterior, feita em abril. Para a consultoria Regus, que encomendou o estudo, a perda de pontos não é um problema. A avaliação da empresa é que o comércio enfraquecido do Brasil com parceiros debilitados, como Estados Unidos e União Europeia, foi um dos fatores que contribuíram para reduzir a confiança do empresário na economia nacional.

Na visão de economistas consultados pelo Correio, o forte mercado de consumo brasileiro ainda não foi totalmente explorado, o que garante ao país uma atratividade maior do que a de países mais maduros. Mesmo assim, o governo terá de jogar duro para ampliar a taxa de investimentos da economia e garantir um crescimento mais robusto em 2013.

Ociosidade O desafio da equipe econômica é ampliar a proporção dos investimentos em relação ao Produto Interno Bruto. Entre janeiro e junho deste ano, essa taxa foi de 17,9%, bem abaixo dos 20% perseguidos pelo governo. Para aumentar esse número, os técnicos apostam nas reduções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e em medidas na área comercial. Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, lembra que a ação do governo no câmbio garantiu uma desvalorização do real de cerca de 10% entre fevereiro e outubro. “Isso encarece a importação e cria condições favoráveis à indústria”, diz.

Ainda assim, o setor privado parece reticente. “Para que o investimento seja retomado, é importante que, primeiro, o empresário utilize mais a capacidade já instalada. Mas, como ainda há muita ociosidade, esses investimentos ainda não decolaram”, diz o economista Marcelo de Ávila, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em agosto, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) era de 80,9% nas fábricas.