Valor econômico, v.19, n.4709, 15/03/2019. Política, p. A10

 

Alcolumbre afirma que mudanças tramitarão conjuntamente 

Vandson Lima 

15/03/2019

 

 

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) afirmou que há um acordo no Congresso Nacional para que a reforma geral da Previdência caminhe conjuntamente com as mudanças nas aposentadorias dos militares, a ser encaminhada ao Legislativo nos próximos dias.

Nesse sentido, disse Alcolumbre, o compromisso firmado é que a primeira reforma só avançaria de maneira coordenada com a segunda. Alcolumbre participou ontem de um almoço com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo. "Há um acordo da Câmara e Senado de que a reforma dos militares vai caminhar junto com a reforma geral, mas será votada depois da reforma. Se votar uma de manhã, vota a outra à tarde ou no dia seguinte. Uma coisa é certa, o compromisso que assumimos, nós vamos honrar", garantiu.

"Naturalmente vamos entrar nesse assunto e vou sentir do ministro da Defesa qual o pensamento dele em relação à proposta. O governo já tem um esboço e se comprometeu a entregar dia 20", relatou antes do almoço.

Alcolumbre também assinou ontem o ato de criação da comissão especial de acompanhamento da reforma da Previdência no Senado. O colegiado terá nove integrantes titulares, promoverá debates, audiências públicas e vai elaborar sugestões a integrantes da Câmara dos Deputados envolvidos com a proposta.

A ideia é integrar o Senado no debate para que a reforma chegue aos senadores num formato que provoque menos resistência, proporcionando uma análise mais rápida. "Na terça-feira já teremos a primeira reunião da comissão. O desejo dos senadores é acompanhar paralelamente, fazer o encontro com os líderes partidários da Câmara", disse.

O presidente da comissão será Otto Alencar (PSD-BA) e o relator, Tasso Jereissati (PSDB-CE), que também já foi escolhido por Alcolumbre para relatar a reforma quando esta passar pela Câmara e chegar ao Senado.

Os demais integrantes titulares serão os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Esperidião Amim (PP-SC), Cid Gomes (PDT-CE), Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), Jaques Wagner (PT-BA), Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Elmano Férrer (PODE-PI).

Mas nem todos os senadores estão de acordo com a comissão para acelerar a reforma. Candidata à vice-presidência em 2018, Kátia Abreu (PDT-TO) critica a pretensão de fazer a proposta andar mais rapidamente no Senado do que na Câmara, onde a discussão deve levar, ao menos, todo o primeiro semestre. "Não vou me submeter a essa comissão. Quero discutir essa matéria, com muito boa vontade, mas estamos 'por aqui' de as coisas virem para o Senado e falarem que tem de votar logo, do jeito que está, senão o mundo vai acabar", criticou.

A escolha de Tasso também não agradou a senadora. "Tasso é competente e sério. Mas é um homem rico, um privilegiado. Não se pode ter uma relatoria que não tem dimensão humana da reforma. Não dá para aprovar a reforma que o empresariado da Avenida Paulista quer", completou. "Eu sou de direita, mas não sou reacionária ou de uma direita que não se preocupa com os pobres", acrescentou. O PDT, partido que Kátia hoje integra, é considerado trabalhista e de esquerda.