O Estado de São Paulo, n. 46001, 28/09/2019. Economia, p. B8

 

 

Desemprego atinge 12,6 milhões de brasileiros

Daniela Amorim

28/09/2019

 

 

 Recorte capturado

 

 

Taxa de desocupação se manteve em 11,8% em agosto, segundo dados do IBGE; informalidade, no entanto, registrou nível recorde

A taxa de desemprego se manteve em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, o mesmo patamar registrado no trimestre até julho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é compatível com um “crescimento da economia aquém do esperado”, avaliou o economistachefe da consultoria Parallaxis Economics, Rafael Leão. “Não muda nossa avaliação de que o mercado de trabalho se recupera de maneira muito lenta, dado que a recuperação da economia também está lenta”, afirmou Leão.

O País ainda tem mais de 12,6 milhões de desempregados. Se contabilizada toda a população que está subutilizada e disponível para trabalhar, é possível dizer que está faltando trabalho para quase 28 milhões de pessoas.

O Brasil atingiu o maior contingente de pessoas trabalhando no trimestre encerrado em agosto, 93,631 milhões de brasileiros. O mercado de trabalho registrou, porém, nível recorde de informalidade, com 38,763 milhões de trabalhadores informais. A estimativa considera os empregados do setor privado sem carteira assinada, os trabalhadores domésticos sem carteira assinada, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ, os empregadores sem CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar.

“Em resumo, esses dados da Pnad continuam a mostrar a lenta recuperação do mercado de trabalho, com ênfase no trabalho informal e com preocupação com a massa de rendimentos e com a renda nominal e real”, disse o economista-chefe da Caixa Asset, Rodrigo Abreu.

O total de pessoas atuando por conta própria e trabalhando sem carteira no setor privado subiu ao maior patamar da série histórica. Hoje, 41,4% dos trabalhadores na ativa são informais. Como consequência, o porcentual de pessoas ocupadas no mercado de trabalho que contribuem para a Previdência Social desceu a 62,4%, menor resultado desde 2012.

“Esse dado é interessante, porque você tem uma população ocupada que cresce, inclusive bate o próprio recorde, no entanto, a alta na contribuição previdenciária, que podia ser esperada, não ocorre”, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Segundo Beringhy, mesmo nos setores tradicionalmente mais formais – como a indústria e o setor de informação, comunicação e atividades financeiras – não registraram avanço significativo nas contratações com carteira assinada. Na indústria e na construção, por exemplo, houve aumento no trabalho por conta própria no trimestre encerrado em agosto.

“A informalidade cresce porque você não tem, dentro do mercado de trabalho, reação de postos com carteira (assinada)”, afirmou Beringuy. “Você tem mais pessoas trabalhando. No entanto, essa inserção não se dá pelo vínculo tradicional que a gente tinha antes no mercado de trabalho”, completou. 

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Conta de luz terá bandeira amarela em outubro 

Anne Warth

28/09/2019

 

 

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou ontem que as contas de luz vão ter bandeira amarela em outubro. Com isso, a taxa extra será de R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos (kWh). Em agosto e setembro, vigorou a bandeira vermelha em seu primeiro patamar, com taxa de R$ 4,00 a cada 100 kWh consumidos.

“Outubro é um mês de transição entre a estação seca e o início do período úmido nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN). A previsão hidrológica para o mês sinaliza elevação das vazões afluentes aos principais reservatórios, o que também permitirá reduzir a oferta de energia suprida pelo parque termelétrico”, informou a Aneel.

No sistema de bandeiras tarifárias, em vigor desde 2015, a cor verde não tem cobrança de taxa extra, indicando condições favoráveis de geração de energia no País. Na bandeira amarela, com condições menos favoráveis, a taxa extra é de R$ 1,50 a cada 100 kWh consumidos. A bandeira vermelha pode ser acionada em um dos dois níveis cobrados. No primeiro nível, o adicional é de R$ 4,00 a cada 100 kWh. No segundo nível, a cobrança extra é de R$ 6,00 a cada 100 kWh.

As bandeiras tarifárias indicam o custo da energia gerada para possibilitar o uso consciente dos recursos. Antes do sistema, o custo da energia era repassado às tarifas no reajuste anual de cada empresa, e tinha a incidência da taxa básica de juros.

A bandeira amarela deve aliviar a inflação (IPCA) em 0,18 ponto porcentual, segundo as contas do economista Leonardo França Costa, da Rosenberg Associados. A projeção para o índice do mês caiu de 0,25% para 0,11%, levando o acumulado em 12 meses para 2,62%, abaixo do piso da meta (2,75%), o que não ocorria desde maio de 2018.