O Estado de São Paulo, n. 46001, 28/09/2019. Política, p. A10

 

PSL desiste de expulsar filiados na gestão Witzel

Caio Sartori

28/09/2019

 

 

Comandado por Flávio Bolsonaro, partido no Rio afirma que desfiliação fica a critério de quem ocupa cargo no governo

O PSL do Rio desistiu de expulsar do partido quem mantiver cargos no governo Wilson Witzel (PSC). Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro, presidente da sigla no Estado, defendeu a saída de filiados que não desembarcassem da gestão. “Aqueles que quiserem permanecer devem pedir desfiliação partidária. Nossa oposição não será ao Estado do Rio, mas ao projeto político escolhido pelo governador Wilson Witzel”, afirmou o senador na ocasião.

Agora, no entanto, após a bancada se reunir mais uma vez para tentar resolver o imbróglio, o líder do partido na Assembleia Legislativa do Estado do Rio, deputado Doutor Serginho, afirmou que a permanência na legenda ficará a critério de cada filiado.

“Ante a ingratidão do governador e a falta de reconhecimento da importância do PSL para sua eleição, a bancada reafirma sua condição de independência e não se sente mais responsável pelas decisões e rumos do governo estadual”, diz o comunicado do PSL do Rio divulgado na tarde de ontem. “Como nunca houve qualquer influência do PSL para ocupação de cargos no governo do Estado, a permanência nos mesmos fica a critério dos filiados do PSL que os ocupem”, afirma a nota da sigla.

Recuo. A medida determinada por Flávio não havia surtido efeito, já que os integrantes do PSL não entregaram os cargos que ocupam no governo do Rio após a orientação do senador. Anteontem, o próprio Flávio afirmou que a desfiliação dos correligionários não era mais uma imposição do comando da legenda. “Não vou impor nada a ninguém, não vou expulsar ninguém por causa disso (participação no governo Wilson Witzel)”, disse o senador, em entrevista à rádio Tupi, do Rio.

O PSL tem dois secretários no primeiro escalão do Palácio Guanabara e fez indicações para dezenas de outros cargos.

Eleito na esteira do bolsonarismo, Witzel causou insatisfação na sigla ao fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao manifestar interesse em concorrer ao Palácio do Planalto na eleição de 2022 – Bolsonaro já falou mais de uma vez em se candidatar à reeleição.