Título: Prioridade pelos cartões VIPs
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Fonte: Correio Braziliense, 19/10/2012, Economia, p. 11

Os bancos estão reduzindo a oferta de cartões de crédito básicos e aumentando a de produtos premium. De acordo com o Adendo Estatístico ao Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos, divulgado ontem pelo Banco Central e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, a emissão do tipo mais simples caiu 5% em 2011 em relação a 2010. Já os cartões classificados como intermediários, premium e corporativos tiveram crescimento de 9%, 29% e 34%, respectivamente.

A estratégia de priorizar o dinheiro de plástico com mais vantagens pode estar associada ao aumento das receitas provenientes da cobrança de tarifas de anuidade. Segundo o levantamento, o valor delas ficou, em média, 15% mais elevado. E a alta do faturamento de bancos e de outros emissores com as taxas anuais foi de 18% em 2011 em relação a 2010.

Para a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Ione Amorim, a disponibilidade de cartões direcionados para a população de alta renda foi massificada nos últimos anos. Ela ressalta, no entanto, que esse tipo de crédito compensa pouco para o consumidor, já que as tarifas e os juros por ele cobrados são os maiores do mercado. "As ofertas são feitas de uma forma que o cliente se sente privilegiado por ter aquele cartão. Mas o que ele está recebendo é a linha de crédito mais cara do mercado", afirmou.

Custo embutido O relatório do Banco Central revelou também que 45% das compras com cartões em 2011 foram feitas na modalidade de parcelamento sem juros. Segundo o documento, uma possível explicação para a grande utilização desse modelo de financiamento seria o fato de o consumidor não observar o custo implícito nele, que geralmente está embutido no preço dos produtos ou dos serviços. (PO)

» MEMÓRIA

Promessa presidencial

Na véspera das comemorações do Dia da Independência, a presidente Dilma Rousseff declarou guerra contra os juros dos cartões de crédito. Em seu discurso em rede nacional de TV, Dilma repudiou as taxas de até 600% ao ano cobradas pelas operadoras. Segundo a presidente, o governo não irá arredar pé de levar os encargos a caírem para níveis civilizados. "Sei que não é uma luta fácil, mas garanto a vocês que não descansarei enquanto não ver isso se tornar realidade", afirmou Dilma na ocasião.

Após o pronunciamento, os bancos públicos começaram a baixar juros. Na Caixa Econômica Federal, o parcelamento de faturas ficou até 36,87% mais barato, enquanto no Banco do Brasil a queda foi de 30% para os cartões Ourocard. Após o corte nas instituições públicas, o Bradesco também reduziu os juros dos seus cartões de crédito com bandeiras Visa, American Express, ELO e Mastercard.