Título: Obama apela à base
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 19/10/2012, Mundo, p. 17

Percorrendo estados-chave para a disputa pela Casa Branca, o presidente pede comparecimento em massa

A menos de três semanas de disputar nas urnas seu segundo mandato na Casa Branca, o presidente Barack Obama se lançou em um esforço para reeditar o entusiasmo em especial dos jovens, fundamentais para a sua vitória em 2008. Percorrendo estados-chave para a disputa, no embalo do bom desempenho no segundo debate com o adversário republicano, Mitt Romney, Obama convocou os eleitores democratas a saírem em massa para votar em 6 de novembro. "Votem, votem, votem", apelou o presidente no comício que fez ontem em Manchester (New Hampshire), repetindo o tom da véspera em Iowa e Ohio — este, um dos mais cobiçados entre os estados que balançam entre ele e Romney.

O pedido foi repetido uma dezena de vezes, sempre que a plateia irrompia em vaias a cada menção feita ao candidato republicano. "Em vez de vaiar, votem", insistiu Obama. Em Ohio, o democrata chegou a ser dramático: "Não sou tão orgulhoso que não possa implorar. Eu imploro: quero que vocês votem", discursou. O esforço nesse campo de batalha estratégico, que pode definir o mapa do Colégio Eleitoral em favor do presidente, incluiu ontem a presença de dois pesos pesados para a campanha: o ex-presidente Bill Clinton e o cantor Bruce Springsteen, muito popular nas regiões áreas que caracterizam o estado. "Por 30 anos, tenho escrito canções sobre a distância entre o sonho americano e a realidade", discursou o roqueiro. "Nosso voto é o único meio para determinar essa distância."

Romney fez apelo semelhante em um dos estados cruciais para suas pretensões. Embora tenha sido vencido por Obama em 2008, a Virgínia tem perfil historicamente conservador e um eleitorado com significativo peso dos militares, em geral mais inclinados pelos republicanos. O desafiante embarcou ontem em seu avião de campanha com destino a Nova Jersey, para um encontro com empresários. Foi seu único compromisso público de dia antes de um encontro com Obama para o Jantar Alfred E. Smith, um tradicional evento de caridade realizado em Nova York.

Vitorioso no primeiro confronto com Obama pela tevê, no último dia 3, Romney monitorava com atenção a tendência das pesquisas após o debate da última terça-feira, no qual o presidente foi considerado vencedor. Ontem, a sondagem do instituto Ipsos/Reuters mostrou o democrata três pontos percentuais a frente do republicano, com 47% das intenções de voto contra 44%. O resultado é distinto do apresentado pelo Gallup, no qual Romney lidera por 52% a 45%. O ex-governador de Massachusetts também apareceu em vantagem na pesquisa diária do instituto Rasmussen, com 49%, enquanto o presidente tinha 47%. Na média das pesquisas nacionais calculada pelo site Real Clear Politics, o republicano tinha um ponto à frente: 47,7% contra 46,7%.

Segundo o professor de ciências políticas Grant Neeley, da Universidade de Dayton (Ohio), os estados indefinidos devem tornar-se o centro de gravidade de ambas as campanhas, na reta final. "Na quarta-feira, Romney estava na Virgínia, para onde Obama vai amanhã (hoje)", observou. "A finalidade de ir aonde o outro se encontra é dividir a atenção da mídia e garantir que o adversário não tenha tanto impacto sobre os eleitores", explicou.

Hillary

A secretária de Estado Hillary Clinton, que em 2008 disputou com Obama a indicação do Partido Democrata para a disputa presidencial, deixou claro ontem que não tem intenção de entrar na corrida pela Casa Branca em 2016. Em entrevista à edição norte-americana da revista Marie Claire, ela foi questionada sobre uma nova candidatura ao cargo que seu marido, Bill Clinton, ocupou entre 1993 e 2000. "Sabe? Eu não vou", respondeu. "Estou há 20 anos nessa rede de política e liderança nacional e internacional. Tem sido uma experiência extraordinária, mas, realmente, quero ter um tempo para mim. Quero apenas ser eu mesma, estou ansiosa por isso."

"Votem, votem, votem. Em vez de vaiar (Romney), votem" Barack Obama, presidente dos EUA e candidato à reeleição

Brasileiro condenado Um brasileiro condenado por triplo homicídio nos Estados Unidos, na semana passada, corre o risco de ser sentenciado à pena de morte. José Carlos de Oliveira Coutinho, 38 anos, nascido em Ipaba (MG), assassinou o casal Vanderlei e Jaqueline Szczepanik, ambos brasileiros, 43 anos, e o filho Christopher, 7. A família Szczepanik morava no estado de Nebraska, onde Vanderlei trabalhava como empreiteiro e comandava uma obra no condado de Douglas, próximo a Omaha. O crime ocorreu em 5 de outubro de 2009 e teria sido motivado por dinheiro.

Empregado na obra de Szczepanik, Coutinho contou com a ajuda dos também brasileiros Valdeir Gonçalves Santos e Elias Lourenço Batista, que o ajudaram a espancar Vanderlei até a morte e, em seguida, estrangular Jaqueline e Christopher. Os corpos do casal foram esquartejados e lançados no rio Missouri. Apenas o corpo da criança foi encontrado.

O tribunal julgou o caso em apenas três horas. O veredicto foi baseado no depoimento de Gonçalves Santos, que confessou ter participado do crime e deu detalhes da ação. Os três juízes agora vão decidir se Coutinho cumprirá prisão perpétua ou se será condenado à morte, informou a rede de TV americana NBC. A audiência para definição da sentença ainda não tem data, mas deve ser marcada para as próximas semanas.