O globo, n.31535, 09/12/2019. País, p. 05

 

Datafolha: reprovação a Bolsonaro para de subir 

09/12/2019

 

 

 Recorte capturado

 

 

Reação da economia ajuda a frear avaliação negativa do governo, que fica em 36%, enquanto aprovação é de 30%. Desempenho no combate à corrupção piora, e 50% dos entrevistados consideram área ruim ou péssima

Pesquisa Datafolha divulgada ontem aponta que a recuperação econômica do país ajudou a frear a perda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro. A taxa de aprovação do governo — percentual da população que avalia a gestão de Bolsonaro como ótima ou boa — oscilou de 29% para 30% na primeira semana de dezembro, dentro da margem de erro que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Por outro lado, a taxa de reprovação — percentual dos que consideram o governo ruim ou péssimo — oscilou negativamente para 36%, após ter crescido de 30% para 38% nos primeiros oito meses de governo. Já os entrevistados que consideram o governo regular passaram de 30%, em agosto, para 32%, também dentro da margem de erro.

Numa escala que vai de 0 a 10, a nota média atribuída pelos entrevistados ao presidente foi 5,1, a mesma de agosto. Bolsonaro chega ao fim do primeiro ano de mandato com avaliação no mesmo período pior do que os expresidentes Fernando Henrique Cardoso, que era aprovado por 41% da população no fim do primeiro ano, Luiz Inácio Lula da Silva (42%) e

Dilma Rousseff (59%).

As duas únicas áreas do governo cuja avaliação melhorou fora da margem de erro estão ligadas ao desempenho da economia. De acordo com a pesquisa, a taxa de aprovação do trabalho da equipe econômica aumentou de 20% para 25%, e a do combate ao desemprego foi de 13% para 16%.

O otimismo em relação à economia também aumentou. Entre os entrevistados, 43% acham que ela vai melhorar nos próximos meses. Em agosto, a taxa era de 40%. Ainda segundo o levantamento, 31% acham que a economia vai ficar como está, e 24%, que vai piorar.

O otimismo com a economia é maior entre os mais ricos, camada que também demonstra maior apoio ao governo Bolsonaro. A maioria da população, porém, considera que a retomada da economia ainda não é suficiente. Para 55% dos entrevistados, a crise deve demorar para acabar, e o Brasil não voltará a crescer com força tão cedo. Já 37% acham que a crise será superada em meses.

MENOS OTIMISMO

A pesquisa aponta ainda a piora na avaliação do desempenho do governo no combate à corrupção. A taxa de aprovação nessa área caiu de 34% para 29%, enquanto que a reprovação subiu de 44% para 50%.

A aprovação ao trabalho do governo também caiu na cultura de 31% para 28%. A avaliação ruim ou péssimo das ações nessa área oscilaram de 33% para 34%, e os que consideram regular passaram de 32% para 34%. A gestão Bolsonaro tem sido marcada por embates com a classe artística ao tentar impor uma agenda conservadora ao setor, e também por polêmicas como a revisão de financiamentos via Lei Rouanet.

Na área do meio ambiente, os que consideram ruim ou péssima a gestão federal passaram de 49%, em agosto, para 43% agora. Já a taxa de aprovação oscilou de 21% para 23%, dentro da margem de erro.

No geral, o nível de otimismo com a atuação do governo é o mais baixo desde que Bolsonaro assumiu a Presidência. No início do ano, 59% achavam que ele faria um governo merecedor de aprovação. Hoje, são 43%. Ao todo, foram entrevistados 2.948 pessoas em 176 municípios na quinta e na sextafeira. As entrevistas foram feitas pessoalmente, em locais de grande circulação.