Correio braziliense, n. 20490, 27/06/2019. Política, p. 4

 

Encontro com Trump no G20

Leonardo Cavalcanti

27/06/2019

 

 

Osaka (Japão) — Em meio à disputa comercial por mercados entre os Estados Unidos e a China, os presidentes norte-americano, Donald Trump, e brasileiro, Jair Bolsonaro, confirmaram uma reunião bilateral na sexta-feira, primeiro dia do encontro de líderes do G20. O detalhe: Bolsonaro também vai se encontrar com Xi Jiping, líder do país asiático, mas esse compromisso só foi confirmado depois do anúncio da reunião com Trump. Ao longo de todo o dia de ontem, a conversa com o líder chinês não estava incluída na agenda, e acabou definida menos de uma dia antes do início do evento de cúpula.
O atraso na confirmação da agenda com o chinês é simbólica. A reunião do G20, que reúne os países com as maiores economias do mundo, tem como pano de fundo a guerra comercial entre os chineses e os norte-americanos, envolvendo denúncias de espionagem e retaliações. Enquanto parte do governo brasileiro defende ampliar exportações para a China, outro grupo, ligado a Olavo de Carvalho, rejeita ligações com o país asiático. Um dos defensores da ampliação de negócios com a China é o vice-presidente, Hamilton Mourão.
O encontro entre Trump e Bolsonaro será o segundo entre os dois presidentes. O primeiro foi na Casa Branca, em meados de março. A principal crítica de demais líderes do Brics — formado por Brasil, Rússia,  Índia, China e África do Sul — é um alinhamento de Bolsonaro com Trump. Entre integrantes do governo e do empresariado do Brasil, o país deveria abrir o foco das negociações, a partir das exportações e da diversificação de produtos de valor agregado, para além de minérios de ferro, soja e combustíveis.
Em 2018, o comércio entre Brasil e China chegou a US$ 98,9 bilhões (US$ 64,2 bilhões de exportações e US$ 34,7 bilhões de importações). Segundo o governo brasileiro, foram os chineses que solicitaram a agenda com Bolsonaro. Entre as pautas que devem ser tratadas, caso o encontro aconteça, está a reunião do Brics.
Bolsonaro ainda tem agendas marcadas com representantes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Banco Mundial — além de encontros bilaterais com o presidente da França, Emmanuel Macron, os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe, da Índia, Narendra Modi, e de Cingapura, Lee Hsien-Loong, e com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. O presidente tinha a chegada ao Japão prevista para a madrugada de hoje, horário de Brasília. O roteiro prevê ainda um encontro com o Grupo de Lima, bloco que reúne 14 países, para tratar da crise na Venezuela. A reunião do G20 se estenderá ao longo da sexta-feira e do sábado.

"Detenção desmoraliza o Brasil"

 

 

O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), considerou como um fato grave a prisão, na Espanha, de um militar da FAB com drogas. “Embora não estivesse no avião do presidente, mas na aeronave reserva, é um fato da maior gravidade. Isso desmoraliza o discurso do Brasil de combate às drogas e a própria ida do (ministro da Justiça) Sérgio Moro aos Estados Unidos”, afirmou, em entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.