O globo, n.31536, 10/12/2019. País, p. 06

 

Diretório do Podemos expulsa Feliciano por apoio a Bolsonaro 

Bruno Góes 

10/12/2019

 

 

O diretório de São Paulo do Podemos decidiu expulsar ontem o deputado federal Marco Feliciano do partido pelo posicionamento do parlamentar de apoio incondicional ao governo e ao presidente Jair Bolsonaro — a legenda se diz independente no Congresso. Feliciano ainda pode recorrer à executiva nacional da legenda para tentar reverter a punição.

Em nota, a direção nacional da sigla diz que o “caso foi avocado (assumido) pela Comissão Executiva Nacional, na forma do artigo 65 do estatuto partidário”. Ainda de acordo com o partido, o diretório de São Paulo não tem competência para tomar essa decisão.

Segundo o diretório paulista do Podemos, a medida se deu por “incompatibilidade política” entre o deputado e a sigla. Pastor evangélico, Feliciano tem sido desde o início da atual legislatura um dos deputados mais próximos do presidente da República, a quem já manifestou “apoio irrestrito”.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, o deputado torce pelo sucesso do projeto Aliança pelo Brasil para ingressar no futuro partido de Bolsonaro. Se a expulsão do Podemos se confirmar, Feliciano poderia migrar para o Aliança sem perder o mandato.

Desde o início do ano, Feliciano tenta se colocar como interlocutor entre o Planalto e a bancada evangélica na Câmara. Apesar de discursar sempre a favor do governo, tem restrições a alguns ministros, especialmente o da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

Feliciano já se empenhou para ser indicado ao comando de um ministério na Esplanada. E ultimamente se ofereceu para compor chapa com Bolsonaro na eleição de 2022, o que incomodou dirigentes do partido como o senador Álvaro Dias (PR) e presidente do diretório de São Paulo, Mario Covas Neto.

DENTISTA

Outro episódio também ajudou a desgastar a relação de Feliciano com o Podemos. O deputado pediu à Câmara um total de R$ 157 mil em reembolsos para custear um tratamento odontológico, conforme revelou reportagem do “Estado de S.Paulo”, o que não foi bem recebido pelo partido.