O globo, n.31536, 10/12/2019. País, p. 08

 

Maia: 'Todo mundo nu e se matando' no PSL 

10/12/2019

 

 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), foi o convidado da primeira edição do podcast Ao Ponto, do GLOBO, gravado com plateia no auditório do jornal, no Rio. Maia comentou os principais temas da atualidade política, classificou como “briga de poder” as disputas internas no PSL e fez avaliações sobre o governo de Jair Bolsonaro e projeções sobre a política e eleições futuras.

O Ao Ponto é o podcast diário do GLOBO, veiculado em todas as principais plataformas de áudio e também no site do jornal, com apresentação dos jornalistas Carolina Morand e Roberto Maltchik. A edição completa da entrevista com o presidente da Câmara está disponível a partir das 6h de hoje.

Maia fez críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro, como nos episódios da extinção do seguro obrigatório DPVAT e a tentativa de excluir profissões do setor cultural da categoria MEI (microempreendedor individual). Nos dois casos, o governo recuou.

Apesar das divergências, o presidente da Câmara afirmou que sua relação com Bolsonaro é de “respeito”. Maia também debateu a mudança de papel do

Congresso no primeiro ano de governo Bolsonaro, incluindo a construção de uma agenda própria na Câmara e no Senado. O presidente da Câmara lembrou que o protagonismo assumido pelo Poder Legislativo provocou arestas com o Executivo no início do atual mandato.

As brigas no PSL

“Esta briga do PSL é uma briga de poder, pelo tempo de TV e pelo fundo partidário. Acontece em todos os partidos, mas, no caso deles, como são o partido das redes sociais, é uma briga bem explícita. Todo mundo nu e se matando. Ao longo do tempo, isso vai decantando e as pessoas percebem que não é o caminho correto, que é melhor construir através do diálogo.”

Exclusão de profissões da cultura da categoria MEI trabalham sempre com a tese de tirar o Estado. Não estou dizendo especificamente neste caso. Mas tirar o Estado completamente da vida das pessoas. A gente sabe que não é isso que a sociedade quer, ela quer um outro Estado. Um Estado regulador, que fiscalize, garanta serviços de qualidade. Você vai ver aquele projeto da liberdade econômica, se fosse aprovar tudo que eles queriam, não ia ter mais fiscalização para nada no Brasil. Nesse extremo também não dá.”

Alianças políticas

“O que as pessoas (de centro) nesse mundo mais radicalizado precisam fazer é ter posições claras no que defende. Eu acho que o nosso campo tem posições claras. Nós defendemos a reforma do Estado desses pontos que nós colocamos. (Ao responder se isso impediria a aliança com um político mais à esquerda). Ué, nós quase apoiamos o Ciro Gomes. Não tenho problema de apoiar o Ciro Gomes, é um cara que tem palavra. Se a gente organizar uma pauta, eu não tinha (problema) na outra e não terei na próxima. Não tenho problema de apoiar candidato que esteja um pouco mais à esquerda daquilo que eu penso.”