Correio braziliense, n. 20491, 28/06/2019. Política, p. 4

 

Onyx nega saída do cargo

Denise Rothenburg

28/06/2019

 

 

Poder » Ministro contesta rumores de que seria sacado da Casa Civil e diz que tem apoio do presidente da República

Depois de um dia inteiro recheado de especulações a respeito de uma possível saída do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ele declarou ao Blog da Denise que “o fio que o prende ao presidente Jair Bolsonaro e ao governo é o do Homem-Aranha, não arrebenta”. Ele contou que, ainda no início do dia, recebeu uma mensagem de apoio do presidente Jair Bolsonaro, que está em viagem ao Japão: “Agora, o ataque é contigo. Te segura, tchê! Estamos firmes”.

O que levou à suspeita de que Onyx cairia foi o fato de o presidente decidir tirar a articulação política da Casa Civil assim que for concluída a reforma da Previdência. E, juntando as idas e vindas em torno dos decretos sobre as armas, os rumores cresceram. Para completar, surgiram especulações de que a Casa Civil seria entregue ao senador Eduardo Gomes (MDB-TO), que vem ajudando o governo no plenário e tem uma boa relação com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente. Com tudo isso, somado à forma como o presidente Jair Bolsonaro demitiu da Secretaria de Governo o general Santos Cruz, e às dificuldades do governo em montar uma base sólida no Parlamento, em especial, no Senado, a confusão estava armada.

Onyx afirma que nunca deu razões para o presidente se desfazer da parceria, que começou em 2017. Ele rebate item por item aquilo que os parlamentares elencam como motivos para que ele deixasse o cargo. O primeiro deles, a confusão do decreto das armas: “Nós organizamos e pacificamos as questões relacionadas aos decretos. Ouvimos os líderes, senadores e deputados, o Supremo Tribunal Federal. Um projeto de lei tratou do porte, que era o tema mais polêmico. Essa questão das armas está pacificada. Virá inclusive uma lei para que a posse não seja apenas na sede da fazenda, mas em toda a propriedade. E tem uma lei para atender aos CACs (colecionadores, atiradores, caçadores). Houve um entendimento entre os Poderes”, comentou Onyx, que trabalhou ativamente nessa construção com a cúpula do Congresso e ministros do Supremo.

Previdência

Em relação à reforma da Previdência, o ministro afirma que está tudo programado para que o texto seja votado na próxima semana na comissão especial, e diz não concordar com as previsões pessimistas. “Ao contrário do que se dizia, que ficaria tudo para o segundo semestre, ela será votada no primeiro semestre na Câmara. Até o final de agosto, votamos no Senado. Assim que votar, minha missão enquanto articulador político estará cumprida e vou cuidar da coordenação do centro do governo”, disse ele, empolgado com a nova missão.

Onyx cuidará especialmente do PPI, o Programa de Parcerias de Investimentos, que, de acordo com os cálculos do Poder Executivo, representará uma injeção de R$ 1 trilhão na economia. “O presidente não entregaria essa missão a quem estivesse por um fio. A não ser que seja o fio do Homem-Aranha, que não arrebenta”, afirmou. “Nós, do governo Bolsonaro, sofremos ataques todos os dias. Já estamos acostumados. Mas temos couro grosso”, disse o ministro.