O Estado de São Paulo, n. 45993, 20/09/2019. Metrópole, p. A16

 

Salles anuncia plano com BID para criar novo fundo para a Amazônia

Beatriz Bulla

20/09/2019

 

 

Não há definição de datas ou valores; nos EUA, ministro tenta acalmar os ânimos sobre queimadas no bioma

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou ontem o plano de criar um fundo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a Amazônia. Não há detalhes sobre países ou entidades doadoras, recebedoras, valor ou prazo para início da vigência do fundo. Salles afirmou, após reunião com o presidente do banco, Luis Alberto Moreno, em Washington, que será um “mecanismo importante para avançar na bioeconomia, pagamento por serviços ambientais”.

“Essa estruturação ainda estamos montando, mas é um fundo que contempla países e setor privado tanto na ponta de doação quanto no recebimento dos investimentos, para pesquisa, desenvolvimento de atividades. Tende a ser um instrumento consistente para finalmente desenvolver essa oportunidade da bioeconomia na Amazônia.”

Salles disse que os valores serão “bastante significativos”, mas que ainda não há cifras. Dentro do BID, havia a discussão sobre a possibilidade de utilizar verba já existente para o apoio à região, mas a opção feita foi pela criação de novo fundo.

Enquanto o ministro faz negociações durante agenda nos Estados Unidos, o Fundo Amazônia, com doações de Noruega e Alemanha, está paralisado. O governo tenta rever mecanismos de gestão do fundo que conta com a verba dos europeus.

Em Washington, Salles se reuniu com investidores e concedeu entrevistas a veículos de imprensa estrangeiros, na tentativa de acalmar os ânimos sobre a situação das queimadas na Amazônia. Ele pretende discursar na Cúpula do Clima da ONU, na próxima semana, se a organização do evento permitir. O Brasil ficou de fora da lista de oradores do encontro, que acontecerá em Nova York.

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'Ninguém vai brigar com ninguém', diz Bolsonaro

Mateus Vargas

Mariana Haubert

20/09/2019

 

 

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que “está na cara” que será “cobrado” durante participação na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na próxima semana, em Nova York. Segundo Bolsonaro, ele é atacado de “forma virulenta” por alguns países que o apontam como “responsável pelas queimadas pelo Brasil”. Mas ponderou: “Fiquem tranquilos, ninguém vai brigar com ninguém”.

A crise das queimadas está sendo marcada pela reação internacional. Uma das primeiras autoridades a levantar o tema foi o presidente francês, Emmanuel Macron, que demandou ações de preservação da floresta. Ele e Bolsonaro se envolveram em várias falas polêmicas.

O presidente disse ainda ontem “saber” que poderá ter problemas durante assembleia. “É natural, mas vocês terão presidente falando com coração e sobre a soberania nacional”, disse. “Sabemos que queimada tem todo ano, até por uma questão de tradição”, disse.