O Estado de São Paulo, n. 45992, 19/09/2019. Economia, p. B5

 

Petrobrás aumenta gasolina e diesel

Fernanda Nunes

19/09/2019

 

 

Nas refinarias, preço da gasolina vai subir 3,5% e o do óleo diesel, 4,2%; alta reflete aumento do petróleo após ataque à Arábia Saudita

A alta do preço do petróleo no mercado internacional chegou ao Brasil e deve ser repassada aos consumidores já nesta semana. A Petrobrás reajustou os valores da gasolina em 3,5% e o óleo diesel em 4,2% em suas refinarias.

A revisão, que valerá a partir da zero hora desta quinta-feira, é uma reação ao atentado a refinarias na Arábia Saudita, que fez com que a commodity oscilasse até 20% na segunda-feira, quando o barril do petróleo tipo Brent, negociado em Londres, fechou a US$ 69,02, alta de quase 15%.

A petroleira então anunciou que aguardaria mais tempo para observar o comportamento da commodity. Em comunicado, afirmou ter decidido “acompanhar a variação do mercado nos próximos dias e não fazer um ajuste de forma imediata”.

Ainda na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter conversado com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e ter recebido a informação de que a empresa continuaria observando a movimentação externa.

A Petrobrás tem especial interesse em demonstrar que é independente do governo e que sua política de preços de combustíveis não está submetida a interesses políticos. Caso contrário, não vai conseguir atrair investidores para comprar suas refinarias. A venda está prevista no programa de desinvestimento da Petrobrás e, segundo a diretoria, terá contribuição especial na retomada da saúde financeira da petroleira.

Nos últimos dois dias, o petróleo tipo Brent, referência internacional, até caiu, mas não na mesma proporção da alta. A Petrobrás, que mantém seus preços alinhados ao mercado internacional, manteve os valores inalterados num primeiro momento, mas cedeu ontem à pressão.

“A Petrobrás está plenamente consciente das implicações de aumentar seus preços, principalmente do diesel. Se aumentou, foi porque a pressão sobre os seus custos estava muito grande. Não foi só uma resposta ao mercado para demonstrar que não está sujeita a ingerências políticas”, avaliou o especialista José Roberto Faveret, sócio do Faveret Lampert Advogados.

Para o consumidor, a alta de preço nas refinarias deve chegar em breve. A expectativa é de que as distribuidoras, que fazem a intermediação entre as refinarias e os postos de gasolina, entreguem combustíveis com preços reajustados a partir de amanhã, disse o presidente do Sincopetro-SP, José Alberto Gouveia, que representa os revendedores de combustíveis no Estado de São Paulo.

A decisão de repassar ou não a alta para os motoristas nos próximos dias é de cada dono de posto, que vai considerar outros fatores, como demanda e concorrência. “O reajuste vai chegar num dia em que a procura aumenta, numa quinta-feira, quando os motoristas enchem o tanque para o fim de semana”, complementou Gouveia.

No fim de semana, duas instalações da estatal Saudi Aramco foram atacadas. Os ataques fizeram cair pela metade a produção de petróleo do país, equivalente a 5,7 milhões de barris diários, aproximadamente 6% da produção mundial. Na terça-feira, o ministro saudita da Energia, príncipe Abdel Aziz bin Salman, anunciou que a produção de petróleo do país seria restabelecida até o fim de setembro.

Em queda

US$ 63,60

foi o fechamento ontem do barril do petróleo tipo Brent nos contratos para novembro em Londres; queda de 1,47%