Título: Passo decisivo
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Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Economia, p. 18

Bruxelas — A decisão de criar uma estrutura única de supervisão sobre os mais de seis mil bancos da Zona do Euro, chancelada ontem pelos líderes da União Europeia, abre caminho para que o fundo de resgate da região, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, possa injetar capital diretamente nas instituições financeiras problemáticas, sem que a ajuda passe pela contabilidade dos governos e aumente seu índice de endividamento. A medida também é um primeiro passo para a criação de uma união bancária efetiva, considerada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e por economistas como determinante para superar a crise em que a região já está mergulhada há três anos.

Como os detalhes não foram definidos, no entanto, o alcance da medida ainda não está claro. A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que o programa de recapitalização direta não será feito de forma retroativa. Com isso, a Espanha, que está sob ataque dos mercados e já foi agraciada com um empréstimo europeu de 60 bilhões de euros para salvar seus bancos, terá que escriturá-lo como dívida pública, o que impedirá o país de cumprir a meta de redução do deficit orçamentário neste ano e, talvez, também em 2013. O desequilíbrio nas contas tende a aumentar a desconfiança dos investidores.

A data em que entrará em vigor a supervisão única — a ser desempenhada pelo Banco Central Europeu (BCE) — também não está acertada. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que a estrutura legal será concluída até o final deste ano. “Depois disso, o mecanismo poderá começar a funcionar no curso de 2013”, disse ele.