Título: Obama faz piada com Romnésia
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Mundo, p. 23

Presidente acusa o adversário de %u201Cesquecer%u201D opiniões anteriores conforme o público

Após uma noite de trégua nos ataques entre os candidatos à Casa Branca, durante um jantar de caridade em Nova York marcado apenas por uma troca de alfinetadas bem-humoradas, o presidente Barack Obama e o desafiante republicano, Mitt Romney, voltaram à briga pelos votos. E Obama, que enfrenta uma dura batalha pela reeleição, preservou a verve exibida na véspera: empenhado em apresentar o adversário como alguém que muda o discurso conforme o público, omitindo posições inconvenientes, “diagnosticou” o caso como “Romnésia”.

“Ele anda esquecendo quais são suas próprias posições e aposta que vocês também esquecerão. Temos de dar nome a essa doença de que ele está sofrendo. Acho que se chama Romnésia”, comentou, levando à gargalhada 9 mil pessoas na Universidade George Mason, no estado-chave da Virgínia. A postura mais ofensiva sugere a recuperação da autoconfiança após o debate de terça-feira, quando se saiu melhor que Romney, que havia vencido o primeiro confronto. E coincide com a retomada do crescimento do democrata nas pesquisas: pela primeira vez desde o primeiro duelo pela tevê, Obama voltou a liderar as intenções de voto em escala nacional na média calculada pelo site Real Clear.

O presidente enumerou o que classifica como contradições expostas pelo republicano, nos últimos dias, em temas como aborto, diferenças salariais entre homens e mulheres e impostos sobre os mais ricos. “Se você diz que é a favor de pagamento igual para trabalho igual, mas se recusa a dizer se vai assinar um projeto de lei que proteja isso, você deve ter Romnésia”, insistiu Obama. Poucas horas depois, a campanha de Romney reagiu aos comentários por meio de um comunicado da delegada Barbara Comstock. “As mulheres não se esqueceram de como sofremos nos últimos quatro anos com a economia de Obama, com mais impostos, mais desemprego e níveis recorde de pobreza. Assusta saber que um segundo mandato para Obama trará cortes que custarão à Virgínia mais de 130 mil empregos”, acusou.

Romney e seu candidato a vice, Paul Ryan, fizeram um comício na noite de ontem em Daytona Beach, na Flórida, o mais indefinido entre os estados-chave. Por isso mesmo, também o vice da chapa democrata, Joe Biden, percorreu o estado no mesmo dia. Mais cedo, Ryan tinha liderado uma mesa-redonda sobre empreendedorismo na Universidade do Sul da Flórida. Os candifatos fizeram campanha de olho na bateria diária de pesquisas nacionais. O Instituto Gallup deu vantagem a Romney, com 51% das intenções de voto, contra 45% para Obama. O IBD/Tipp mostrou Obama na liderança, por 47% a 45%. O Rasmussen apontou empate em 48%. O equilíbrio se reflete na média do site Real Clear, com Obama tirando a desvantagem que amargava desde o início do mês: ele atingiu 47,1% e Romney ficou com 47%.

Steffen Schmidt, professor de ciências políticas da Universidade do Estado de Iowa, considera as eleições deste ano as mais ideológicas desde 1972. “A distância entre democratas e republicanos se aprofundou. Por isso, a campanha deste ano é extremamente intensa”, analisa. Trégua beneficente

Na noite de quinta-feira, Romney e Obama fizeram piadas sobre si mesmos no jantar de gala Alfred E. Smith, tradicional evento beneficente. “(No segundo debate) eu estava mais descansado, depois da longa soneca que tirei no primeiro debate”, riu o presidente. Romney afirmou que ele e a mulher, Ann, estavam felizes por poderem vestir as roupas que costumam usar em casa, em referência aos comentários sobre a fortuna da família.

Temos de dar nome a essa doença de que ele está sofrendo. Acho que se chama Romnésia”

Barack Obama, presidente dos EUA