Título: Uribe critica negociação com as Farc
Autor: Pedreira, Vinícius
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Mundo, p. 23

O processo de diálogo instalado na última quinta-feira pelo governo de Bogotá com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), foi alvo de uma rajada de críticas disparada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que deixou o cargo em 2010 depois de manter por oito anos uma política de ataque sem tréguas à guerrilha. Uribe aproveitou o lançamento de seu livro Não há causa perdida, em Medellín, para exigir que os rebeldes sejam punidos, ainda que as sentenças sejam reduzidas. “Isso é o aceitável, são sacrifícios que a Justiça deve fazer pela paz”, ponderou.

A abertura das negociações acirrou as divisões entre Uribe e seu sucessor, Juan Manuel Santos, que se elegeu em boa parte pelos golpes aplicados às Farc no governo anterior, no qual Santos foi ministro da Defesa. Também as famílias de reféns mantidos supostamente pela guerrilha — que nega ter cidadãos em seu poder — cobram do presidente uma atitude firme. Ontem, um grupo de 32 mães, o número de departamentos (estados) do país, anunciou que irá a Cuba, onde o processo será conduzido, “para que a guerrilha nos diga a verdade: se estão mortos, que digam onde”, afirmou uma delas.

Em entrevista ao Correio, o professor de Relações Internacionais da USP Alberto Pfeifer concordou que os crimes não devem ser perdoados, mas ressaltou a importância de achar soluções para integrar os ex-guerrilheiros à vida social e econômica. Muitos combatentes ingressam nas Farc antes de terem realizado qualquer atividade profissional ou concluído os estudos.