O Estado de São Paulo, n. 45989, 16/09/2019. Política, p. A7

 

Eduardo compartilha vídeo contra Lava Toga

Breno Pires

16/09/2019

 

 

Produzido por youtuber, material fala ainda em impeachment de ministros do STF; autor do pedido de CPI critica filho de Bolsonaro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhou ontem, em uma rede social, vídeo de uma youtuber com críticas à CPI da Lava Toga, que parte do Senado defende para investigar suposto “ativismo judicial” de magistrados – incluindo integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). O mesmo vídeo defende ainda o impeachment de ministros da Corte.

“Muito tem se falado sobre a CPI da Lava Toga. Muitas dúvidas são respondidas neste vídeo”, escreveu Eduardo em seu perfil no Twitter.

No vídeo, a youtuber Paula Marisa, que se define como “integrante da milícia virtual jacobina”, diz que a CPI não fará uma “limpa no Judiciário”, pode “trancar a pauta da reforma da Previdência no Senado” e até “acabar com a Lava Jato”.

A autora criticou ainda senadores favoráveis à CPI, incluindo os integrantes do PSL Major Olimpio (SP) e Juíza Selma (MT), além de Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Reguffe (DF-Podemos). Na sequência, defendeu como pauta “mais eficiente” o impeachment de ministros do Supremo e o fim da PEC da Bengala, que elevou de 70 para 75 anos a idade em que integrantes de Tribunais Superiores são compulsoriamente aposentados.

Antes da mensagem de ontem, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) já havia se manifestado contra a instalação da CPI. Como o Estado mostrou, o senador recebeu do presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), pedido para entrar na articulação contra a criação da comissão. Filho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio é o único dos quatro senadores do PSL que não assinou a petição pela abertura da CPI.

Uma parte dos apoiadores bolsonaristas nas redes sociais cobrava que Flávio também assinasse o requerimento para abertura de CPI. Pressionado, Flávio citou em uma entrevista os motivos para sua recusa. “Tenho a clara percepção que uma CPI com essa pauta toca fogo no País”, disse.

No novo pedido para criar a CPI – o terceiro apresentado até agora –, o principal argumento é a suposta ilegalidade do inquérito aberto pelo STF para investigar ameaças contra magistrados. No bojo do “inquérito das fake news”, como ficou conhecido, foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes a suspensão de procedimentos de apuração da Receita e o afastamento de auditores fiscais.

Citado no vídeo compartilhado por Eduardo, o senador Alessandro Vieira, autor do pedido de criação da CPI, respondeu ao deputado, também por meio do Twitter, indicando que ele estaria “repassando fake news para tentar encobrir a covardia e o acordão”. “Falta de vergonha na cara”, escreveu. “Quem quer mudar o Brasil apoia a CPI. Quem quer mamata em embaixada fica com mimimi”, acrescentou, em referência à indicação de Eduardo para a embaixada do Brasil nos EUA.