Título: Site exibe fotos e texto de Fidel
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 23/10/2012, Mundo, p. 21

Com um figurino semelhante ao da foto ao lado do ex-vice-presidente venezuelano Elías Jaua, o ex-líder cubano Fidel Castro apareceu em uma série de retratos divulgados ontem vestindo uma camisa xadrez e o mesmo chapéu de palha yarey da imagem exibida no domingo. O conjunto de fotos tiradas por Alex Castro, filho de Fidel, foi publicado ontem com um texto assinado pelo próprio ex-presidente no site Cubadebate. A publicação do material ocorreu uma semana depois do médico venezuelano José Rafael Marquina, que vive nos Estados Unidos, ter afirmado à imprensa internacional que o cubano de 86 anos tinha sofrido um derrame. "Aves de mau agouro! Não lembro sequer o que é uma dor de cabeça. Como prova do quanto são mentirosos, lhes mostro as fotos que acompanham este artigo", assinalou o comandante da Revolução Cubana.

Com o irônico título "Fidel Castro está agonizando", ele critica "as mais insólitas estupidezes" que envolvem seu nome e foram apresentadas pelo "galinheiro da propaganda imperialista". Os boatos divulgados por Marquina e pelo jornalista venezuelano Nelson Bocaranda — que, duas semanas atrás, garantiu que Fidel havia morrido — foram ampliados pela falta de informações da imprensa cubana sobre a saúde do ex-presidente. "Certamente não é o meu papel ocupar as páginas de nossa imprensa, consagrada a outras tarefas que o país requer", afirmou Fidel, ao explicar porque não publicar artigos na imprensa local desde 19 de junho. A fim de dissipar rumores de que seus retratos são antigos ou montagens, em uma das nove fotos apresentadas no Cubadebate ele aparece lendo a edição da última sexta-feira do jornal Granma.

O ex-preso político Sebastian Arcos admite não prestar atenção aos boatos e novidades sobre a saúde de Fidel. "Se ele está melhor ou pior, não faz diferença. Apenas a sua morte, confirmada, fará", determinou ao Correio. Embora o mais famoso dos irmãos Castro tenha saído do poder em 2006, Arcos lembra que ele ainda é o símbolo da Revolução Cubana. "A morte do caudilho original sempre abre a porta para mudanças. Podem levar anos, mas elas vêm. São essencialmente psicológicas, mas são mudanças importantes", ressaltou Arcos, que hoje se encontra exilado em Miami. Questionado sobre que tipo de alterações políticas seriam essas, o dissidente citou uma provável aceleração das reformas, um aumento da oposição pública ou mesmo transformações mais dramáticas, como as que ocorreram no Egito e na Líbia.