O Estado de São Paulo, n. 45975, 02/09/2019. Política, p. A4

 

Bolsonaro fará mais uma cirurgia, 1 ano após facada

Tânia Monteiro

Idiana Tomazelli

Lorenna Rodrigues

02/09/2019

 

 

Saúde presidencial. Operação será feita antes de viagem para discurso na ONU e servirá para tratar de hérnia incisional surgida em razão dos procedimentos anteriores

 

São Paulo. Jair Bolsonaro durante visita ao Templo de Salomão, na região central da cidade; presidente participou de culto

O presidente Jair Bolsonaro será submetido a uma nova cirurgia para corrigir uma hérnia incisional que surgiu no local onde ele foi atingido por uma facada, há quase um ano. O médico da Presidência da República, Ricardo Peixoto Camarinha, disse em nota distribuída ontem pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto que a hérnia surgiu “em decorrência das intervenções cirúrgicas previamente realizadas”.

A cirurgia do presidente está previamente agendada para o dia 8 de setembro – próximo domingo. A ideia é que ele compareça à cerimônia de 7 de setembro, em Brasília, e, ao fim do dia, siga para São Paulo, para se internar para a preparação da cirurgia. Com isso, não irá assistir ao jogo do Palmeiras, no Serra Dourada, em Goiânia, no sábado, como chegou a anunciar.

A data foi escolhida para que dê tempo de o presidente fazer a cirurgia e se recuperar para embarcar em 22 de setembro para Nova York. No dia 24, Bolsonaro estará na Assembleia-Geral da ONU, onde deve fazer o tradicional discurso de abertura, como presidente do Brasil.

Após a operação de retirada da hérnia, considerada de médio porte, e que está prevista para ser feita no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o presidente ficará na capital por uns dias e retornará ao Palácio da Alvorada, ainda em repouso, antes de retornar ao trabalho.

Em razão das cirurgias anteriores, a parede abdominal do presidente ficou flácida e a hérnia ficou evidente. Em almoço com jornalistas, no sábado, ele reclamou da hérnia, que disse atrapalhar fazer exercícios físicos, apesar de não produzir qualquer espécie de dor.

Atualmente, o único esporte praticado pelo presidente é natação – uma ou duas vezes por semana na piscina do Palácio da Alvorada. Ele explicou que, quando pratica natação, a hérnia “estufa”, o que o impede de nadar com a barriga para baixo. “Tenho nadado só de costas.” Ele reclamou que não consegue mais jogar as “peladas” que jogava na época de deputado também em razão do ataque.

Assim que se recuperar da cirurgia de hérnia, o presidente está sendo aconselhado a retomar as atividades físicas de uma maneira mais regular, aproveitando, inclusive, a academia que existe no Palácio da Alvorada. Bolsonaro tem alegado falta de tempo para fazer exercícios e disse que engordou quatro quilos desde que assumiu a Presidência da República.

Comum. Hérnias incisionais são uma condição comum em pessoas que passam por sucessivas cirurgias no abdome. Tratase de um enfraquecimento no músculo abdominal que abriga as vísceras na cavidade abdominal. A informação da cirurgia do presidente também havia sido confirmada ao BR Político pelo médico Antônio Luiz Macedo, que realizou as outras cirurgias pelas quais Bolsonaro passou desde que sofreu um atentado no dia 6 de setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral em Juiz de Fora.

Pela manhã, o presidente postou uma foto em redes sociais ao lado dos médicos Macedo e Leandro Echenique. “Agora em São Paulo com os Drs. Macedo e Leandro. Pelo que tudo indica ‘curtirei’ uns 10 dias de férias com eles brevemente. Bom dia a todos”, dizia a mensagem. Seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro respondeu: “Tudo vai dar certo! Estarei junto!”.

O presidente já passou por três cirurgias. Carlos, no entanto, afirmou no Twitter que esta será a quinta operação de seu pai. Procurado, o Palácio do Planalto não informou qual teria sido esse outro procedimento. Os médicos de Bolsonaro não responderam ao Estado até a conclusão desta edição.

Bolsonaro fez avaliação médica e passou o dia em São Paulo, onde visitou o Templo de Salomão (mais informações nesta página). À tarde, foi à casa do apresentador e dono do SBT, Sílvio Santos, para assistir à partida entre Palmeiras e Flamengo pelo Brasileirão no Maracanã. O Flamengo venceu o time do presidente por 3 a 0.

Atentado. A cirurgia ocorrerá pouco após o ataque de Adélio Bispo de Oliveira completar um ano, dia 6. Ao ser julgado por tentativa de homicídio, Adélio foi diagnosticado com transtornos mentais, considerado inimputável e absolvido. O juiz aplicou uma medida de segurança por tempo indeterminado. Ele está no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). 

PONTOS-CHAVE

Procedimentos desde setembro do ano passado

- 6 de setembro de 2018

Logo após o atentado durante caminhada de campanha em Juiz de Fora (MG), o então candidato passou por cirurgia para colocar bolsa de colostomia.

- 12 de setembro de 2018

Após uma tomografia, Bolsonaro teve de fazer um procedimento de emergência por causa de uma obstrução detectada no intestino delgado.

- 28 de janeiro de 2019

Presidente foi submetido a uma nova cirurgia – agora para retirada da bolsa de colostomia e para a a reconstrução do trânsito intestinal.

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Presidente recebe bênção de bispo Edir Macedo

André Italo Rocha

02/09/2019

 

 

Ele esteve em templo da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo; Doria rebate Bolsonaro e diz que o perdoa

O presidente Jair Bolsonaro foi ungido ontem pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, em culto evangélico no Templo de Salomão, no Brás, na região central da capital paulista. O culto começou por volta das 9h30 e, às 10h10, Bolsonaro foi chamado ao altar.

A pedido do bispo, Bolsonaro se ajoelhou de costas para os fiéis. Edir Macedo, então, começou contando que, no passado, convidou para ir à igreja um outro presidenciável, mas que não foi possível levá-lo. O bispo não citou nomes, apenas disse que o então candidato virou presidente. Em seguida, afirmou que, desta vez, Deus escolheu Bolsonaro para liderar 210 milhões de brasileiros.

Pôs as duas mãos sobre a cabeça do presidente, com o óleo para a unção, e afirmou: “Uso de toda a autoridade que me foi concedida por Deus para abençoar este homem, para lhe dar sabedoria, para que este País seja transformado, que faça um novo Brasil”.

Depois que Bolsonaro desceu do altar, Edir Macedo criticou a imprensa. Segundo ele, “a mídia toda” está contra ele e contra o presidente. “Vivenciamos o inferno da mídia, mas eu estou aqui e o presidente está lá.”

2022. O governador João Doria (PSDB) rebateu a declaração de Bolsonaro de que o tucano “está morto” para a eleição de 2022. “Eu reconheço a pressão que ele sofre. Então, da minha parte ele tem o perdão e o bom sentimento”, afirmou Doria no sábado, durante evento em São Paulo, segundo a Rádio Jovem Pan.

Em junho, após participar da Marcha para Jesus, evento evangélico realizado na zona norte da capital paulista, Bolsonaro admitiu a possibilidade de disputar novo mandato presidencial em 2022.