O Estado de São Paulo, n. 45974, 01/09/2019. Política, p. A12

 

'Queiroz é nota dez, mas não respondo por ele', diz Bolsonaro

Lorenna Rodrigues

01/09/2019

 

 

Presidente afirma que nunca teve problemas com ex-assessor e que não sabe onde está o policial aposentado

‘Inocente’. Bolsonaro disse que Queiroz isentou seu filho

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem nunca ter tido problemas com o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, suspeito de participar de um esquema conhecido como “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). “Queiroz era um cara sem problemas, nota 10, mas não respondo por ele”, afirmou Bolsonaro, lembrando que o conhece desde 1984.

As declarações do presidente foram dadas um dia após o ex-assessor de Flávio ser localizado pela revista Veja no hospital Albert Einstein, na capital paulista, onde realiza um tratamento contra um câncer no intestino. Apesar de não haver nenhuma ordem de prisão contra ele, Queiroz estava longe dos holofotes desde janeiro, o que tornou popular o bordão “cadê o Queiroz?”

Bolsonaro negou que tenha feito contato recentemente com o ex-assessor. “Não sei de Queiroz. Quem responde por ele é ele, não sou eu. A Veja descobriu como se ele estivesse foragido”, disse. “Não existe telefonema meu para ele, nada, não sei onde ele está.”

Depoimento. O presidente disse ainda que o ex-assessor de Flávio já prestou depoimento por escrito e isentou o senador de participação no esquema. “Pelo que fiquei sabendo, (Queiroz) eximiu meu filho de culpa”, afirmou ao deixar o Palácio da Alvorada, pela manhã, antes de seguir para o Regimento de Cavalaria da Polícia Militar do Distrito Federal, onde acompanhou aula de montaria da filha.

O ex-assessor foi o protagonista da primeira crise do governo Bolsonaro quando, em 6 de dezembro de 2018, o Estado revelou que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017 em uma conta no nome de Queiroz. À época, Queiroz estava registrado como assessor parlamentar do deputado estadual e, depois, senador Flávio Bolsonaro.

Ao Ministério Público, o exassessor afirmou que fazia o “gerenciamento financeiro” de valores recebidos pelos demais servidores do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia. Queiroz negou que tenha se apropriado desses valores, que, pela sua versão, eram usados posteriormente para ampliar a rede de “colaboradores” que atuavam na base eleitoral do parlamentar fluminense.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Presidente afirma não ter compromisso com Moro no STF

Lorenna Rodrigues

01/09/2019

 

 

O presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em dúvida ontem a possibilidade de indicar o exjuiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, e acenou para outro auxiliar cotado, o advogado-geral da União, André Mendonça. Até o fim de seu mandato, o presidente terá pelo menos duas vagas na Corte para preencher.

“Não existe nenhum compromisso meu com Moro”, afirmou o presidente em almoço no quartel-general do Exército, em Brasília. “Tem que ver. Como o Senado avaliaria ele hoje?”, questionou. Bolsonaro disse ainda que “Moro é ingênuo” e que “falta malícia” ao ministro. “O Paulo Guedes também era assim, mas ele está aprendendo.”

Questionado se o nome “terrivelmente evangélico” que pretende indicar para a Corte seria o de Mendonça, que é reverendo da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, Bolsonaro disse que o auxiliar é “terrivelmente supremável”.

A indicação de ministros do Supremo é atribuição do presidente da República, que depois precisa ser aprovada pelo Senado. Em maio, Bolsonaro declarou que, ao convidar Moro para ser ministro, comprometeu-se a indicá-lo para o STF. Dias depois, porém, recuou e afirmou que não houve acordo. O ministro também nega qualquer acerto.

Doria. Bolsonaro ainda falou sobre a disputa presidencial de 2022, quando deve tentar a reeleição. Segundo ele, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu potencial adversário na disputa, não tem chances. “Doria está morto”, afirmou, acrescentando que o tucano força ser alguém que não é.

Ao tratar das eleições municipais do ano que vem, Bolsonaro defendeu que o PSL tenha um número reduzido de candidatos, que terão de passar por seu aval. Questionado se a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) tem seu apoio para a Prefeitura de São Paulo, negou. “Se alguém disser que tem meu apoio, está mentindo”, afirmou.

O almoço foi uma confraternização com funcionários de gabinetes do Bolsonaro. Foram servidos churrasco, arroz, vinagrete, farofa e chope. Bolsonaro disse ter tomado “apenas um golinho”, já que teria uma cota de uma lata de cerveja por mês. “A Michelle não deixa mais.” 

Churrasco

“Não existe nenhum compromisso meu com Moro.”

“Doria está morto.”

Jair Bolsonaro

PRESIDENTE