O globo, n.31379, 06/07/2019. País, p. 10

 

PSL dá largada na corrida pela prefeitura do Rio 

Bernardo Mello 

Paulo Capelli

06/07/2019

 

 

Faltando ainda 15 meses para a eleição, o senador Flávio Bolsonaro lançou ontem o deputado estadual Rodrigo Amorim como candidato do PSL à prefeitura no ano que vem. Representante do bolsonarismo na disputa, Amorim é muito mais próximo de Flávio — de quem foi vice na candidatura à prefeitura em 2016 —do que do presidente Jair Bolsonaro e do vereador Carlos. Embora sem terem anunciado formalmente a candidatura, outros nomes da política carioca devem concorrer ao Palácio da Cidade. O prefeito Marcelo Crivella, depois de sobreviver a um processo de impeachment na Câmara dos Vereadores, não deve abrir mão de tentar a reeleição. Marcelo Freixo (PSOL), segundo colocado em 2016, é um nome certo. Já o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) deve decidir apenas no ano que vem se vai concorrer.

O PSDB, agora sob o comando do empresário Paulo Marinho no Rio, deve ter candidato próprio, assim como o partido Novo. A deputada federal Clarissa Garotinho (PROS) também deve se lançar candidata. Deputado mais votado para a Alerj no ano passado, com 140 mil votos, Amorim quer ainda atrair o apoio do governador Wilson Witzel, do PSC e que ainda não definiu sua posição para a eleição municipal. —Acho que, por um movimento natural, a minha candidatura terá o apoio do governador Witzel e do senador Arolde de Oliveira (PSD). Somos muito próximos ideologicamente, tanto que caminhamos juntos na eleição de 2016 —disse Amorim.

PREFEITURAS DO INTERIOR

O deputado ficou mais conhecido durante a campanha pela atitude de quebrar uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março do ano passado. Witzel, então candidato ao governo, também estava presente ao ato quando Amorim quebrou a placa. Os dois estiveram em diversos atos de campanha com Flavio Bolsonaro, que apoiou as candidaturas de ambos nas eleições de 2018. Amorim se apresentava à época como “soldado de Flávio Bolsonaro” no Rio. Mesmo com o desgaste político de Flávio com o caso Queiroz, Amorim jamais deixou de defendê-lo e elogiá-lo publicamente. O próprio Amorim também é alvo de investigação, mas por suspeita de acúmulo irregular de cargos públicos. Em maio, a prefeitura de Mesquita solicitou a instauração de sindicância para apurar a atuação de Amorim como subsecretário de Governo e Planejamento do município, entre 2015 e 2016. No mesmo período, Amorim também estava lotado no gabinete do vereador Jimmy Pereira (PRTB) na Câmara Municipal do Rio. A duplicidade de cargos públicos ocorreu ainda entre 2011 e 2012, quando o deputado esteve empregado em secretarias de Nova Iguaçu e Teresópolis. Amorim negou irregularidades e alegou que os cargos não exigiam dedicação exclusiva.

Além de Rodrigo Amorim para a prefeitura do Rio, a reunião de ontem na sede do PSL, na Barra da Tijuca, definiu outros dois candidatos do partido em cidades do interior do estado. Os deputados estaduais Alana Passos e Dr. Serginho vão concorrer às prefeituras de Queimados e Cabo Frio. Paraquedista do Exército, Alana Passos foi eleita deputada estadual com 106 mil votos com apoio do presidente Jair Bolsonaro, que recomendou voto nela e no subtenente do Exército Hélio Lopes. Já Dr. Serginho é líder do PSL na Alerj, e assumiu a interlocução da bancada do partido com o governo de Wilson Witzel. Embora tenha a maior bancada da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), com 12 deputados, o PSL não conseguiu articular uma candidatura à presidência da Casa e mostrou divisões no início do ano. Na reeleição de André Ceciliano (PT) à presidência da Alerj, parte da bancada (incluindo Alana Passos) votou “não”, enquanto outra ala, da qual fazem parte Rodrigo Amorim e Dr. Serginho, se absteve. Após o resultado, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho mais ativo do presidente Jair Bolsonaro em postagens nas redes sociais, criticou os deputados do PSL que não votaram contra a candidatura do petista.