Título: Tropa de choque em Ribeirão Preto
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Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Brasil, p. 13
Governo paulista avalia enviar a Rota para coibir ações articuladas de criminosos. Ontem, comércio ficou fechado devido a ataques
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo avalia a possibilidade de enviar a Rota, grupo de Elite da PM paulista, para coibir a violência em Ribeirão Preto (SP). Ontem, uma base da Polícia Militar do bairro Quintino Facci, na Zona Norte do município, distante 313 quilômetros da capital paulista, foi atacada por bandidos. Dois criminosos, ainda não identificados pela polícia, chegaram numa moto, atiraram contra o local e fugiram em seguida. Quatro policiais reagiram. As marcas do tiroteio ficaram nas paredes e nos portões da base. Ninguém ficou ferido.
Na sexta-feira, num intervalo de seis horas, 14 pessoas foram baleadas e cinco morreram. Duas das vítimas eram adolescentes de 16 anos. Em razão da onda de violência, o comércio fechou as portas. Desde o domingo passado, quatro criminosos foram mortos e dois PMs se feriram na cidade. Após os ataques registrados na manhã de ontem, bases da Polícia Militar tiveram a segurança reforçada em Ribeirão Preto. Vários cavaletes foram espalhados nas proximidades dos prédios para evitar a aproximação de veículos suspeitos. Algumas ruas chegaram a ser interditadas pelos policiais.
De acordo com informações da Polícia Militar, um homem de 23 anos foi preso, na manhã de ontem, suspeito de ameaçar os comerciantes. No celular dele, apreendido pelos policiais, havia vários torpedos enviados por bandidos determinando o fechamento das lojas. As investidas criminosas foram registradas em seis bairros da Zona Norte: Ipiranga, Quintino Facci, Avelino Palma, Presidente Dutra II, Jardim Jandaia e Orestes Lopes de Camargo.
Ações orquestradas O secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, em visita a Ribeirão Preto na manhã de ontem, disse que os comerciantes decidiram por conta própria fechar os estabelecimentos. “Isso não aconteceu porque a polícia recomendou ou porque os criminosos tenham dado algum tipo de ordem nesse sentido”, afirmou Ferreira Pinto.
De acordo com o 5º Distrito Policial do município, a escalada de violência no município está ligada a uma guerra entre quadrilhas de traficantes, mas há a suspeita de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas operações. “Acho que está voltando aquele estado de guerra novamente entre essas quadrilhas”, afirma o delegado Sérgio Siqueira.
Ouvida pelo Correio, a autora do livro PCC, a facção, Fátima Souza, informou que é claro o envolvimento do grupo nas mortes, que se intensificaram no início do mês com o assassinato policial militar Fábio Passos de Sá, em São Vicente, na Baixada Santista. “A briga entre a polícia e o PCC não começou agora. Ela teve início em 2006 e foi agravada este ano com a publicação de um artigo. Uma espécie de estatuto da facção, onde os integrantes do PCC são orientados a matar policiais”, explicou.
14 Quantidade de pessoas baleadas em Ribeirão Preto em um espaço de apenas 6h