Título: Exemplo a seguir
Autor: D'Angelo, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Economia, p. 14
A enfermeira e bioquímica Paula Frassineti Guimarães de Sá, 44 anos, recebe hoje os frutos de toda uma vida de investimentos em cursos, títulos e qualificações. Desde que se formou em química na Universidade de Brasília, em 1990, ela traçou, com muito esforço, uma carreira profissional impecável até o PhD em bioquímica e o atual cargo de gerente, na América Latina, de uma empresa multinacional especializada em biotecnologia farmacêutica. Realizada profissionalmente, ela agora trata de investir na educação dos quatro filhos, entre 14 e 23 anos, ciente de que as próximas gerações terão a pesada missão de produzir a riqueza que vai garantir o bem-estar social no futuro.
Apesar de garantir que os filhos tenham a melhor qualificação possível, Paula, que também é professora universitária, não vê com muito otimismo a geração que ocupará, nos próximos anos, os postos de trabalho no Brasil. “Tenho que contratar jovens para trabalhar, mas lido com uma enorme falta de qualificação, de objetivo e de comprometimento. A alternativa tem sido dar treinamento aesse pessoal”, afirma.
Hora de acordar No entender de Paula, o grande problema está na combinação de um país ainda descompromissado com temas relevantes, como a educação, com o imediatismo de uma geração que quer alcançar objetivos com pouco esforço e não tem consciência do árduo futuro que a aguarda. “Para chegar ao posto em que estou, passei noites em claro estudando, fiz todos os cursos possíveis, encarei até uma segunda graduação, em enfermagem. Até obter um salário alto, trabalhei em muitos locais que me remuneraram mal”, conta. “Os jovens terão, em algum momento, que acordar e tomar as rédeas para levar esse país nas costas”, completa.
Felizmente, as vestibulandas Júlia Roberta, 18, JulianaDullius e Carolina Pavan, de 17, têm a exata noção de que o futuro que desejam precisa ser definido agora. Estudantes do terceiro ano do ensino médio, as meninas almejam uma vaga no curso de direito e têm consciência de que devem ir além da graduação para se manterem em um mercado de trabalho mais exigente e mais seletivo. “A faculdade não é suficiente, é importante não se limitar à sala de aula. Temos que tentar fugir da mediocridade, ter ambição”, afirma Carolina. “Procurar estágios, cursos de especialização e, posteriomente, um mestrado, é só o começo dessa trajetória”, completa Juliana. Para Júlia, sua geração terá que amadurecer para levar o país adiante.