Título: A massa trabalhadora
Autor: Lobão, Guilherme
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Economia, p. 16

MEMÓRIA

A história das relações de trabalho no Brasil carrega uma herança escravocrata e mesmo no governo revolucionário de Getúlio Vargas, a partir de 1930, a maior parte do Brasil permanecia enquadrada em modelos de relações trabalhistas de assalariamento ou mesmo até de subassalariamento, segundo aponta o economista e historiador Alexandre Freitas Barbosa, professor da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). “Só em 1920, em São Paulo e no Rio de Janeiro, conseguimos ver a importância das relações de trabalho em setores específicos do comércio e da indústria”, conta Barbosa.

Para o historiador Paulo Fontes, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), a CLT, apesar das mudanças no mercado, ainda representa a garantia dos direitos na relação entre capital e trabalho. “Antes de 1930, o empresariado tinha dificuldades de pensar essas relações. A interferência sindical ou do Estado era vista de forma negativa. Mas, no quadro de relações de trabalho precário, a CLT foi um avanço num mercado que era muito opressivo ao trabalhador”, diz. Segundo ele, há uma corrente que mostra que a CLT é mais eficiente na prática das manifestações sociais. “Boa parte das lutas, das greves nos anos 40 e 50, eraS para se fazer cumprir a lei. E esses movimentos deram um peso muito grande para as futuras lutas sociais. E acaba sendo fundamental para ajudar na politização das lutas sociais”, completa.