Correio braziliense, n. 20498, 05/07/2019. Política, p. 3

 

Discurso apoiado

05/07/2019

 

 

O governo tem motivos para comemorar. E não se trata apenas da aprovação do texto-base da reforma da Previdência. O chefe do Executivo federal empossou ontem o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O novo articulador político recebeu elogios de deputados e senadores de diferentes partidos presentes à solenidade.

O ministro disse que não vê a missão como “difícil ou espinhosa”, como disseram a ele pessoas próximas. “Um privilégio”, declarou, em pronunciamento. O discurso foi bem-recebido por parlamentares ouvidos pelo Correio. Ramos comemorou a oportunidade de voltar a dialogar com o Parlamento, função que exerceu quando foi assessor parlamentar do gabinete do Comando do Exército. “Obrigado por ter me dado um presente de trabalhar com o Congresso na pessoa do senhor presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do presidente do Senado, nosso senador Davi Alcolumbre (DEM-AP)”, destacou.

O aceno a Maia e, sobretudo, a Alcolumbre, contou pontos. Pessoas próximas ao senador dizem que, para ele, na prática, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, continua sendo o articulador político. A atribuição havia sido perdida depois da edição da Medida Provisória (MP) 886, que transferiu a interlocução do governo com o Congresso da Casa Civil para a Secretaria de Governo.

O aceno aos evangélicos, em especial ao deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), vice-líder do governo no Congresso, também foi positivo. “Vejo aqui vários parlamentares e tenho a certeza de que grande parte também da bancada evangélica. E aproveito para agradecer seu líder, deputado Silas Câmara (PRB-AM), e seu vice, deputado pastor Marco Feliciano”, ressaltou. A sinalização aos religiosos é importante, uma vez que amigos no Congresso o alertaram que Feliciano é próximo de Bolsonaro e, em outros momentos, atacou militares do governo, como o ex-titular da pasta, Santos Cruz.

A expectativa de aliados de Ramos na Câmara — críticos a Onyx — é de que a articulação dele seja uma interlocução de Estado, que não atenda apenas os mais próximos. Inclusive, se dispôs a conversar com parlamentares da oposição, “se for pelo bem do Brasil”. Frisou, no entanto, que não capitaneará os diálogos na reforma. “É como um jogo de futebol. Um jogo decisivo. Eu não posso substituir o técnico no meio do jogo. O ministro Onyx faz um trabalho muito bom. Ele está à frente e eu vou cerrar a ele o que ele precisar para ajudar. É um amigo de muitos anos e estou junto a ele”, explicou. (RC)