Título: Cada vez mais decisivos
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Mundo, p. 22

O número de estados decisivos nas eleições presidenciais dos Estados Unidos encolheu ao longo dos anos. Os estados do sul fecharam com os republicanos, enquanto os das duas costas, com os democratas. Restam apenas alguns onde há margem de disputa real, o que explica a corrida pelos “swing states”. Em 1960, o republicano Richard Nixon visitou os 50 estados, enquanto o democrata John F. Kennedy esteve em 45 — e foi o vencedor. Hoje, é quase impensável que os candidatos façam algo parecido. Segundo levantamento feito pelo National Journal, desde 5 de junho, último dia do período de primárias, Mitt Romney e Barack Obama realizaram campanha apenas em 10 estados.

A publicação fez ainda uma análise do comportamento do eleitorado nos maiores estados norte-americanos nas últimas 15 eleições presidenciais. A Califórnia apoiou os republicanos em nove de 10 disputas, entre 1952 e 1988. Desde então, votou sempre com os democratas. No mesmo período, Nova York oscilou: cinco vezes para cada lado, até seguir o mesmo rumo e tornar-se uma reserva segura para os democratas. O Texas tomou o rumo oposto: entre 1952 e 1988, pendeu para os democratas em quatro das 10 eleições, e a partir daí até tem sido um dos principais contingentes dos republicanos no Colégio Eleitoral.

Nessa redefinição do mapa eleitoral, o Partido Democrata se saiu melhor por ter garantido para si estados com maior número de delegados. O experiente analista Bill Schneider, que trabalha para o grupo democrata Third Way, sugere que o atual cenário representa o estágio final de longas décadas rumo à polarização.

Com a disputa definida em mais de 30 estados, resta aos candidatos sair à caça dos eleitores independentes, além de motivar a própria base. Para o cientista político Shaun Bowler, da Universidade da Califórnia/Riverside, dois fatores justificam o fato de alguns estados serem “seguros” e outros serem “swing”, para um partido, a cada eleição: a composição étnica da população e a situação econômica. “Aspectos espaciais e geográficos determinam se o estado é ‘seguro’ ou ‘swing’.”

Shaun diz que eleitores anglo-saxões, brancos, mais velhos e protestantes tendem a ser mais conservadores, o que explica a predominância do Partido Republicano no sul. O restante dos eleitores, um universo marcado pela mistura étnica, porém com crescente presença dos latinos, tende a ser pró-democrata, como se reflete nos estados litorâneos do oeste e do nordeste. “Claro que há exceções, com muitos latinos conservadores no Texas e no Novo México, por exemplo. Mas padrões demográficos sustentam padrões de voto”, reitera.

Quanto à economia, pondera o cientista político, onde ela vai bem, o estado tende a apoiar quem disputa a reeleição. Há casos que fogem à regra. “Nas Dakotas, a situação econômica vai muito bem, mas o estado votará contra Obama porque os padrões econômicos de lá obedecem a uma realidade geográfica diferente.”