Título: Violência na Líbia mata 9
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Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Mundo, p. 23

O primeiro aniversário da morte de Muamar Kadafi foi marcado pela violência, especialmente em Bani Walid, cidade considerada reduto do ex-ditador líbio. Combates entre as forças governamentais e os grupos armados causaram ontem a morte de nove pessoas e deixaram mais de120 feridas, de acordo com fontes médicas. “A maioria dos ferimentos foi causada por armas de pequeno porte, o que sugere que os combates se aproximam”, afirmou uma fonte do hospital da cidade de Misrata, próxima a Bani Walid. O local ficou lotado, depois da chegada de dezenas de feridos.

Mais cedo, o coronel Ali Al-Chikhi, porta-voz do chefe de Estado-Maior, declarou a agências internacionais que suas tropas estavam avançando “em direção ao centro de Bani Walid”. O Exército líbio sustenta que a cidade abriga seguidores do antigo regime procurados pela Justiça. A ação culminou com a captura de Mussa Ibrahim, ex-porta-voz de Kadhafi. “A prisão pelas forças pertencentes ao governo líbio de transição ocorreu em uma barragem de Tarhouna”, revelou um breve comunicado do governo, depois que os rumores da prisão se espalharam pelo país. A localidade em que Mussa foi encontrado se situa entre o reduto do ex-ditador e a capital, Trípoli. O ex-porta-voz seria apresentado às autoridades e interrogado, nas próximas horas.

A ação coincide com o primeiro aniversário da morte de Muamar Kadafi, em 20 de outubro de 2011, depois de oito meses de conflito armado. O ex-ditador permaneceu por mais de 40 anos no poder. Também ocorre poucas horas depois de as autoridades reconhecerem que “a libertação do país não foi plenamente alcançada em algumas áreas”.

Limpeza étnica

Para justificar a operação militar lançada contra Bani Walid, o presidente da Assembleia Nacional da Líbia, Mohamed Al-Megaryef, afirmou que a cidade “tornou-se um abrigo para um grande número de foras-da-lei hostis à revolução e até mesmo mercenários”. Ele também rejeitou acusações de faxina étnica. “Esta não é uma guerra de extermínio ou de limpeza étnica, como alguns dizem falsamente, mas uma campanha para o retorno à legitimidade e para restaurar a segurança e a estabilidade”, declarou. Na noite de ontem, a notícia da suposta captura de Khamis Kadafi, chegou a circular pela redes sociais da internet. No entanto, não houve confirmação oficial.