O globo, n.31376, 03/07/2019. País, p. 09

 

Planalto tenta evitar que Carlos provoque nova crise 

Jussara Soares 

03/07/2019

 

 

O Palácio do Planalto age para evitar que as críticas do vereador Carlos Bolsonaro ao desempenho do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo ministro Augusto Heleno, se alastre como amais nova crise do governo Jair Bolsonaro. Apesar do evidente incômodo entre os militares com as declarações do filho do presidente, oficialmente o silêncio foi adotado como uma medida de contenção de danos.

O entendimento é que as manifestações de Carlos devem ser “desconsideradas” por se tratarem de “mais um episódio” do vereador, que tem um histórico de provocar desavenças no governo por meio da internet.

Dois assessores palacianos afirmaram ao GLOBO que as críticas de Carlos foram tema de conversa ontem entre Bolsonaro e Heleno, considerado o seu principal auxiliar. À noite, numa tentativa de demonstração de que não há uma nova crise, Bolsonaro e Heleno assistiram ao jogo de futebol entre Brasil e Argentina. Ao tirar foto como jogador Neymar, o presidente fez questão que o ministro também aparecesse na fotografia.

Questionado ontem especificamente sobre o diálogo entre Bolsonaro e Heleno, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse que o presidente conversa com o ministro-chefe do GSI “24 por 7”, ou seja, 24 horas por

dia e sete dias por semana. Ao ser indagado por que Bolsonaro não fez uma defesa pública de Heleno, o porta-voz voltou a afirmar que o presidente, “não apenas neste caso específico, por tratar-se do seu filho, o vereador Carlos”, não comenta posições pessoais nas mídias sociais.

Carlos respondeu na segunda-feira a uma postagem sobre a prisão de um militar da Aeronáutica com 39 kg de cocaína na Espanha na semana passada (o segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues, que integrava a equipe de apoio à comitiva presidencial) e afirmou que os homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estão subordinados a algo em que e lenão acredita.

Reservadamente, militares não poupam críticas ao vereador, que, segundo eles, “atrapalha o governo do pai.” O incômodo com Carlos já vem desde os atritos com o vice presidente Hamilton Mourão e o ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz. Naquela época, o presidente já havia pedido silêncio sobre Carlos.

Conforme revelado pelo site da revista Época ontem, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva, integrante da Comissão de Anistia do governo federal, disparou ontem mensagem pelo WhatsApp em que chama Carlos de “pau-mandado do Olavo”, referindo-se ao ideólogo Olavo de Carvalho. Questionado, o porta-voz disse que Bolson aron ã ose manifestou sobre a crítica.