O globo, n.31376, 03/07/2019. Economia, p. 20

 

Produção industrial registra queda de 0,2% no mês de maio

Bárbara Nóbrega 

03/07/2019

 

 

A produção industrial teve queda de 0,2% em maio, depois de ter avançado 0,3% em abril, informou ontem o IBGE. Apesar de, frente a maio do ano passado, haver uma alta expressiva, de 7,1%, a indústria ainda está em patamar inferior ao de antes da greve dos caminhoneiros, ocorrida naquele mês, quando houve um tombo de 10,9%. No ano, o indicador acumula queda de 0,7%.

—Em maio deste ano, a indústria está 3,7% abaixo do resultado da indústria em abril de 2018, mês anterior à greve dos caminhoneiros. Há uma desaceleração do ritmo industrial, principalmente a partir do segundo semestre do ano passado, que de certa forma continua até hoje. Permanecemos em um momento semelhante a janeiro e fevereiro de 2009, e estamos longe de recuperar o patamar perdido — explica André Macedo, gerente da indústria do IBGE.

Na comparação com abril, o maior crescimento foi de Bens Intermediários, com 1,3%. A indústria extrativa — que nos quatro primeiros meses do ano acumulou queda de 25,6%, principalmente pelo efeito Brumadinho —teve alta de 9,2%.

— Esse resultado positivo não significa que o efeito Brumadinho tenha sido superado —ressalta Macedo. — Além do ocorrido com a unidade produtiva, há uma redução da produção por questões de fechamento de barragens e de cumprimento de legislação ambiental, impactando a produção.

O declínio industrial brasileiro não é apenas prematuro, como é um dos mais intensos do mundo. É o que aponta estudo encomendado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) aos pesquisadores da Fipe/USP Paulo Morceiro e Milene Tessarin. Ao comparar o desenvolvimento industrial em 30 países, entre 1970 e 2017, a pesquisa mostra que participação da indústria no PIB brasileiro recuou de 21,4% para 12,6%.