O acordo entre a União Europeia e o Mercosul ajudou a alimentar os negócios na Bolsa brasileira, garantindo mais um pregão de ganhos, dessa vez puxado pelo desempenho dos frigoríficos. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, fechou ontem em alta de 0,37%, aos 101.339 pontos. Já o dólar comercial registrou leve valorização de 0,10%, a R$ 3,8431.

Pelo acordo, anunciado na última sexta-feira, exportadores de carnes, entre outros produtos agrícolas, terão acesso preferencial ao mercado europeu por meio de cotas. Embora alguns dos termos precisem de aprovação dos membros envolvidos, o anúncio bastou para animar os investidores.

Analistas da XP Investimentos lembram que, apesar de não ter impacto de curto prazo, o acordo é positivo. Como exemplo, citaram o segmento de carne bovina, que terá uma cota de 99 mil toneladas ao ano —atualmente, a exportação é de 55 mil toneladas.

Essa expectativa fez com que os ganhos do Ibovespa fossem liderados pelas ações da BRF, que saltaram 8,37%, seguidas pelos papéis da JBS (5,10%) e da Marfrig (3,82%).

Com peso relevante na composição do índice, os papéis da Vale registraram ganhos de 3,61%, acompanhando a valorização do minério de ferro. Em Cingapura, o metal subiu 5,6%, a US$ 119,18 a tonelada.

— A Bolsa já abriu em alta com a ajuda dos mercados no exterior. Houve o fechamento do acordo entre União Europeia e Mercosul, que deu ânimo a algumas empresas. E houve uma trégua na questão da guerra comercial (entre Estados Unidos e China) — explicou Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor.

BOM HUMOR EXTERNO

No fim de semana, os presidentes Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) concordaram em retomar as negociações sobre a disputa comercial entre os dois países, que se arrasta há quase um ano.

Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,44%, enquanto o S&P avançou 0,77%. A Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 1%.

O bom humor externo também ajudou o mercado de câmbio. No entanto, a moeda americana ganhou força no fim do dia. Segundo Guilherme Eskelbek, analista da Correparti Corretora de Câmbio, houve pressão de compra por parte dos agentes locais.

—O dólar operou por quase todo o dia em queda, acompanhando o sinal positivo vindo do exterior após a trégua entre os Estados Unidos e a China —disse.