O globo, n.31375, 02/07/2019. Economia, p. 16

 

No BNDES, Montezano quer acelerar venda de ações e privatizações 

Rennan Setti

Cássia Almeida

02/07/2019

 

 

O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, prepara-se para iniciar sua gestão esta semana ejá avisou à diretoria que quer acelerar processos de privatizações sob responsabilidade do banco e a venda de ações detidas pela instituição. Ele ainda não deixou claro o que pretende mudar na cúpula do BNDES, mas fontes do governo dizem que a ideia é montar uma diretoria mais alinhada ao Ministério a Economia, que pressiona o banco para acelerara devolução antecipada de créditos ao Tesouro e a venda de ativos.

O novo presidente do BNDES já foi aprovado pelo comitê de elegibilidade do banco— instância que verifica se há impedimento ao nome indicado. Ele chega amanhã à sede, no Rio, para reuniões de trabalho com diretores e técnicos. Para tomar posse oficialmente, seu nome precisa ser submetido ao Conselho de Administração do banco, masa reunião ainda não foi convocada.

Na semana passada, Montezano se reuniu pela primeira vez com os seis diretores do BNDES em Brasília. Escolhidos pelo antecessor, Joaquim Levy, todos colocaram seus cargos à disposição do novo presidente, embora tenham tido impressão positiva dele e se mostrado dispostos a permanecer no posto se solicitados.

— Ele se mostrou aberto a entender o BNDES e disseque sua missão seria acelerar processos que já vinham sido determinados para o banco, como as privatizações e a venda da carteira de ações—afirmou um interlocutor da diretoria.

‘VAI MUDAR MUITA GENTE’

Embora fontes sustentem que o governo gostar iaque Montezano trocasse vários membros da diretoria, duas pessoas afirmam que“não há sangria desatada ”. A tendência é que a diretora de Investimentos, Eliane Lustosa, saia, uma vez que é a mais antiga na diretoria— entrou na gestão de Maria Silvia Bastos, em 2016. Mesmo assim, ela teria se mostrado disposta aficar por um período de transição.

Funcionários do banco especulam que o fato de os diretores terem chegado há seis meses pode elevar as chances de manutenção de alguns nomes. Fonte próxima ao ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, sustenta que haverá mudança abrangente:

— Vai mudar muita gente. Isso não é uma crítica ao trabalho de ninguém, a equipe é boa e harmônica, ma sé mesmo uma questão de confiança. O objetivo éter gente mais alinhada com o governo e também gente mais nova.

Achegada de Montezano pode ser acompanhada demudanças no Conselho de Administração do BNDES. O economista Gustavo Franco, cujo nome fora sugerido por Levy para a presidência do colegiado, deve ficar fora, segundo uma fonte próxima à equipe econômica que confirmou informação revelada pelo colunista do GLOBO Ancelmo Gois. Segundo essa fonte, Paulo Guedes estaria buscando uma pessoa mais alinhada à sua visão e à de Salim Mattar, o secretário especial de Desestatização, de quem Montezano era o principal auxiliar.

Gustavo Franco, no entanto, disse ontem que seu processo de integração ao conselho do BNDES está em curso eque ele não desistiu. O ex-presidente do Banco Central disse já ter cumprido várias etapas do trâmite e passado por instâncias como a Casa Civil e o comitê de elegibilidade do banco, criado pela nova Lei das Estatais. A demora se deve a uma mudança de entendimento do Comitê de Ética Pública, que, segundo ele, tem prejudicado outras indicações para conselhos de estatais.

—Há uma última fase que é apresentar um questionário ao Comitê de Ética Pública, que mudou seu entendimento sobre conselheiros de empresas estatais e alega que quem tem que examinar esses casos é a CGU( Controladoria Geral da União) —disse.

—Estou fazendo direitinho meu dever de casa, dando todas as informações que me solicitam. Tem que ter paciência mesmo.