O globo, n.31374, 01/07/2019. País, p. 07

 

De volta, Bolsonaro avaliará nova demissão

Daniel Gullino 

01/07/2019

 

 

Após retornar ao Brasil do encontro do G-20 no Japão, o presidente Jair Bolsonaro vai decidir esta semana se mantém o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, no cargo. Apressão contra o ministro aumentou na semana passa dacoma prisão de seu assessor especial, Mateus Von Rondon. Bolsonaro havia dito que Álvaro Antônio estava garantido no posto até hoje eque conversaria como ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre o assunto quando voltasse ao Brasil. Ainda não há, no entanto, previsão de uma reunião com Moro, de acordo com sua assessoria. Se ocorrer, esta será a quarta demissão de um ministro do atual governo.

Ao chegar ontem ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que a sua agenda para hoje está “meio light”. A previsão é que ele se reúna com cinco ministros: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Abraham Weintraub (Educação), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e André Luiz de Almeida (Advocacia-Geral da União). O presidente também disse que deve ir amanhã ao jogo entre Brasil e Argentina, pela semifinal da Copa América, que será disputado em Belo Horizonte (MG).

“APARELHAMENTO"

Bolsonaro indicou que deve manter o clima de tensão com o Congresso. Ele afirmou que há um “aparelhamento de legislação” no Brasil, ao relatar as dificuldades para botar em prática seu plano de flexibilizar os parâmetros de conservação da Estação Ecológica de Tamoios, área de reserva ecológica em Angra dos Reis, para transformá-la em uma “Cancún brasileira”. Ele também voltou a criticar o número de conselhos que existem no país.

—Gostaria muito de começar logo o nosso plano de transformar a baía de Angra na Cancún brasileira, mas, para revogar um decreto, botaram na lei que tem que ser outra lei. Um absurdo. O aparelhamento não é só de gente no Brasil, é de legislação, que foram amarrando. A quantidade enorme de conselhos. Tem ministério que tem 200 pessoas em um conselho, o equivalente a um terço do parlamento. Não tem como você resolver. É muito difícil, tem que lutar contra isso devagar —disse.

Bolsonaro também comentou o caso do sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) preso na Espanha com 39 quilos de cocaína, dizendo que isso “acontece em qualquer lugar do mundo, em qualquer instituição”. O presidente disse lamentar o caso e afirmou que o militar “jogou na lama o nome de instituições”.

— Está sendo investigado. Ele jogou fora a vida dele, jogou na lama o nome de instituições. Prejudicou o Brasil também, um pouco. Mas acontece em qualquer lugar do mundo, em qualquer instituição. Lamento todo o ocorrido —disse.

O presidente ainda voltou a dizer que preferia que o caso tivesse acontecido na Indonésia, onde há pena de morte para o tráfico de drogas, porque seria um “grande exemplo”, e fez referência ao brasileiro Marco Acher, fuzilado em 2015 após ter sido condenado por tentar entrar no arquipélago com 13 quilos de cocaína.