O Estado de São Paulo, n. 46014, 11/10/2019. Política, p. A10
Bolsonaro faz visita à sede do 'Estado'
11/10/2019
Presidente recebe livro com as palavras cruzadas que fez nos anos 1970, época de seu primeiro emprego, como entregador de jornal
Encontro. Francisco Mesquita Neto entrega reprodução de cruzadinha a Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro conta que, antes de ingressar no Exército, fez um curso por correspondência para melhorar a gramática. O conhecimento adquirido nas aulas do Instituto Universal Brasileiro o ajudou no seu primeiro emprego, de entregador de jornal, quando começou a colaborar com o Estado criando palavras cruzadas. A história é contada pelo presidente sempre que encontra um profissional do grupo.
De 1971, quando tinha 16 anos, a 1976, ano em que já estava na academia militar, o presidente emplacou 21 palavras cruzadas no Estado. Bolsonaro diz que, quando eram publicadas, mudava sua rotina. Em vez de arremessar o periódico na casa do assinante, ele batia na porta para recomendar a leitura do seu passatempo, indicando que seu nome estava estampado nele.
O presidente recebeu ontem do diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, um livro com a compilação do seu trabalho e um quadro com uma reportagem sobre as suas cruzadas. O pedido partiu do próprio Bolsonaro, que se emocionou ao rever o material que lamentava não ter guardado para mostrar aos filhos.
“Isso aqui vai estar lá na Presidência da República. A gente volta 50 anos no tempo. Eu não era bom em português e fiz o Instituto Universal Brasileiro por correspondência. As provas a gente fazia em casa e mandava pelo correio. Isso aqui me ajudou e muito (apontando para as palavras cruzadas). Eu fiz meu próprio dicionário de sinônimos e antônimos também, tá certo? Me ajudou bastante. Eu fiquei muito feliz (com a entrega do presente), ainda mais porque não imaginava que teria um momento como esse”, afirmou Bolsonaro.
O presidente visitou a sede do jornal em São Paulo acompanhado dos ministros Paulo Guedes (Economia), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Além do porta-voz, Otávio do Rêgo Barros, do secretário especial de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, do assessor especial Filipe Martins e do deputado Hélio Lopes (PSL-RJ). Foi a primeira visita dele como presidente a um jornal.
Ao folhear o livro, Bolsonaro apontou uma das palavras cruzadas que fez como a mais difícil para o leitor resolver. O segredo para quem desejar seguir os passos de Bolsonaro ele mesmo conta: “Colocar poucas casas mortas”, como são chamados os quadrados pretos.
Nos últimos meses, Bolsonaro tem mantido uma relação tumultuada com a imprensa. No encontro na sede do Estado, porém, ele afirmou que “aceita as críticas”. “Vocês têm a obrigação de fazê-las”, disse o presidente.
‘Português’
“Isso aqui vai estar lá na Presidência da República. A gente volta 50 anos no tempo. Eu não era bom em português e fiz o Instituto Universal Brasileiro por correspondência.”
“As provas a gente fazia em casa e mandava pelo correio. Isso aqui me ajudou e muito (apontando para as palavras cruzadas). Eu fiz meu próprio dicionário de sinônimos e antônimos também, tá certo? Me ajudou bastante. Eu fiquei muito feliz (com a entrega do presente).”
Jair Bolsonaro
PRESIDENTE DA REPÚBLICA________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Governo pode recorrer de veto à publicidade, diz Moro
11/10/2019
Ministro afirma lamentar a suspensão pelo TCU da veiculação de propagandas sobre propostas anticrime
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse ontem que lamenta, mas respeita a decisão do plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) de suspender a campanha publicitária do governo para divulgar o pacote anticrime - conjunto de medidas apresentadas pelo ministro ao Congresso e voltadas para redução da violência e da corrupção. Ele acrescentou, porém, que o governo avalia a apresentação de um eventual recurso à Corte.
“Lamento a decisão, mas evidentemente respeitamos", disse ele. O governo está analisando a possibilidade de eventualmente tomar alguma medida ou entrar com algum recurso.
Campanhas publicitárias foram feitas no passado. Mas isso cabe à Advocacia Geral da União, e não ao Ministério da Justiça", acrescentou.
O plenário do TCU referendou medida cautelar que havia sido concedida isoladamente pelo ministro Vital do Rêgo e manteve suspensa a veiculação de publicidade sobre o pacote anticrime.
A suspensão da campanha foi mantida por 6 votos a 2.
No seu voto, Vital do Rêgo argumentou que os projetos ainda estão tramitando no Congresso
Nacional e, dessa forma, poderão sofrer drásticas alterações", razão pela qual o investimento de recursos no momento poderia gerar desperdício de dinheiro público.
Com o slogan ''A lei tem que estar acima da impunidade", a campanha foi lançada pelo governo federal no último dia 3, em cerimônia no Palácio do Planalto.
O custo estimado da propaganda é de R$ 10 milhões.
As peças publicitárias estavam sendo veiculadas em TV, rádio, internet, cinema e até em fachadas de prédios públicos, como na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.