Título: Maior número de abstenções no país
Autor: Abreu, Diego ; Lisbôa, Anna Beatriz
Fonte: Correio Braziliense, 29/10/2012, Política, p. 10

Na votação do segundo turno, 6 milhões de pessoas deixaram de ir às urnas %u2014 19,11%. Presidente do TSE mostra preocupação com o índice

A quantidade de eleitores que deixaram de ir às urnas ontem chegou a média de quase um para cada cinco aptos a votar nas cidades onde houve segundo turno. O índice de abstenção foi de 19,11% (6 milhões de pessoas), superando os 16,41% do primeiro turno. Os números deixaram a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, preocupada, embora a ministra tenha avaliado as eleições como tranquilas e ressaltado a rapidez na apuração dos votos. Na disputa de 2008, a abstenção no primeiro turno foi de 14,55% e, no segundo turno, de 18,09%.

"Relativamente à abstenção, houve aumento. Cabe agora aos órgãos tanto da Justiça Eleitoral quanto especialistas e cientistas políticos fazerem a avaliação. É, sim, preocupante qualquer aumento em relação a outras eleições. Toda abstenção não é boa porque significa que a representatividade — e quanto maior a presença é ganho — pode ser questionada", afirmou Cármen Lúcia, em entrevista coletiva concedida às 20h de ontem, quando mais de 98% das urnas dos 50 municípios onde houve segundo turno já estavam contabilizadas.

De acordo com os dados divulgados pelo TSE, 303 urnas eletrônicas foram substituídas neste segundo turno das eleições municipais por apresentarem algum defeito. Não houve, porém, a necessidade de votação manual, uma vez que em todos os locais havia equipamentos eletrônicos reservados. São Paulo, a maior cidade brasileira, foi o local onde mais urnas foram trocadas, com um total de 38, seguida por Florianópolis (20) e Manaus (19).

Em relação às ocorrências, 474 foram registradas ao longo do dia de ontem nos 20 estados onde os eleitores foram às urnas. No total, 118 pessoas acabaram presas, principalmente por boca de urna — 96 detenções. No estado do Rio de Janeiro, onde houve segundo turno em sete cidades, 76 eleitores foram presos por esse motivo. Os dados devem ser atualizados hoje pelos tribunais regionais eleitorais. Os números foram considerados baixos pela presidente do TSE, para quem as eleições transcorreram sem problemas e "sem nada a amarrar que não fosse uma conversa normal de uma tarde de domingo". "As eleições ocorreram em clima de absoluta normalidade, de tranquilidade tal como se tornou comum na democracia."

Recursos Cármen Lúcia enfatizou que o TSE se esforçará para julgar todos os recursos relativos às eleições municipais até 19 de dezembro, data-limite para a diplomação dos prefeitos e vereadores eleitos. Até o momento, 65% dos processos foram julgados, o que não significa, segundo a ministra, que os casos estejam encerrados, pois ainda é possível entrar com embargos que terão de ser julgados pelo plenário antes de as decisões se tornarem definitivas. A presidente do TSE cogita convocar sessões extras para agilizar a análise desses recursos. "A sociedade espera resposta antes para evitar que depois da diplomação sobrevenha uma decisão que possa mudar o resultado", frisou.

Às 21h55 de ontem, 100% das seções tinham os votos apurados. A última urna foi contabilizada em Vitória da Conquista (BA). Cármen Lúcia ressaltou que a cidade de Vitória (ES) foi a primeira a totalizar a apuração, em apenas 44 minutos. O estado de Mato Grosso do Sul, porém, registrou a maior agilidade na apuração, com menos de 40 minutos. No entanto, o resultado das eleições em Campo Grande foi divulgado só depois das 18h30, uma vez que o fuso horário da capital sul-mato-grossense é de uma hora a menos que o de Brasília. Já o primeiro prefeito matematicamente eleito foi Gustavo Fruet (PDT), em Curitiba. Às 17h25, cerca de 20 minutos após o início da apuração, o placar da capital paranaense já apontava a vitória do pedetista.