Título: Mercado elitizado
Autor: Nunes, Vicente ; Oliveira, Priscilla
Fonte: Correio Braziliense, 26/10/2012, Economia, p. 11

Apesar do forte incremento do mercado nos últimos anos, plano de saúde ainda continua sendo um produto elitizado. Estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostra os 48 milhões de beneficiários estão nas camadas mais abastadas da população, porque têm renda suficiente para arcar com as pesadas mensalidades. O quadro só não é pior devido à formalização do mercado de trabalho, que vem permitindo a trabalhadores de classes sociais de menor rendimento entrar para esse seleto time.

Pelos dados do IESS, o gasto médio domiciliar por pessoa com plano de saúde no país é de R$ 1.899,64, duas vezes e meia o rendimento médio per capita da população brasileira, de R$ 724,23 (dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, Pnad, de 2008, atualizados pela inflação até julho deste ano). "Essa discrepância explica o porquê de o acesso a convênios médicos ainda estar restrito a apenas um quarto da população brasileira. Plano de saúde é para quem pode pagar e para quem tem emprego formal", disse o superintendente executivo do instituto, Luiz Augusto Carneiro.

Ele ressaltou que, nas regiões mais pobres, o Norte e Nordeste do país, a opção de 44% dos que podem pagar planos é por mensalidades mais baratas, de até R$ 123 mensais. Isso, infelizmente, não garante um bom atendimento, já que as empresas não conseguem sobreviver cobrando tão pouco por serviços caros e complexos. Outro agravante, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), é o fato de os planos serem desenhados para favorecer os jovens, que pagam menos, e punir os mais velhos, que arcam com mensalidades pesadíssimas. (VN e AT).

Concorrência maior

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está negociando com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um projeto para ampliar a disputa entre as operadores e, assim, conter reajustes de preços dos planos de saúde. "Quanto menor é concorrência, maior é o espaço para que as empresas elevem as mensalidades cobradas dos clientes", disse o presidente do órgão, Maurício Ceschin. A meta é criar um ranking de preços por região para que os consumidores possam comparar e escolher os convênios que encaixem melhor no seu orçamento e ofereçam os melhores serviços. "Vamos investir, principalmente, nos mercados mais relevantes", destacou. Ele ressaltou ainda que a ANS já cumpriu 82% da sua agenda reguladora e os novos passos serão definidos até o fim do ano. "Avançamos bastante. Instituímos a portabilidade e definimos prazo para atendimento, suspendendo a comercialização de planos que não estavam entregando o que ofereciam. Mas ainda há muito por fazer", assinalou.