Título: Setembro tem menor desemprego desde 2002
Autor: Temóteo, Antonio
Fonte: Correio Braziliense, 26/10/2012, Economia, p. 14
TRABALHO / Pesquisa mostra que, apesar de Leve alta em relação a agosto, índice é animador. A renda média também cresceu e chegou a R$ 1.771,20
Medida mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação referente a setembro deste ano foi de 5,4%, o que representa ligeira alta na comparação com agosto (5,3%). A variação positiva, no entanto, não assusta o governo, pois é o menor registro para o mês desde o início da série histórica, em 2002. Em vez de lamentar, o Palácio do Planalto comemora o fato de a renda média mensal da população ocupada continuar a subir — passou de R$ 1.768,89 para R$ 1.771,20 —, fator básico para que o consumo siga sustentando a retomada do crescimento do país.
Segundo a economista Adriana Beringuy, da Gerência da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, o comércio foi o setor que mais contratou em setembro. Foram gerados 153 mil postos, um crescimento de 3,7%. A indústria, por sua vez, continuou a diminuir o contingente de operários. Houve 49 mil dispensas. "Apesar disso, a geração de empregos não foi suficiente para baixar a taxa em setembro", disse.
Adriana também ressaltou que todas as categorias de trabalho que compõem a pesquisa tiveram alta nos rendimentos nos últimos 12 meses. "Os maiores aumentos são de quem faz trabalhos domésticos. Acompanhamos esse movimento desde 2010, muito em função da elevação do salário mínimo. Apesar disso, (esses profissionais) são os que menos recebem em valores absolutos."
Na avaliação do economista da corretora Concórdia Flávio Combat, a pressão exercida pelo crescimento da renda real do trabalhador deve ser analisado pelo governo na condução da política monetária. Para ele, a expansão dos salários, que contribui para o crescimento do consumo e, ao mesmo tempo, para a elevação de custos para as empresas, pode implicar alta da inflação. "O cenário para a política monetária em 2013 deve ser de manter a Selic em 7,25% ao ano. Contudo, medidas para restringir a liquidez do mercado de crédito precisam ser adotadas", defendeu.
Para o professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira, a elevação da qualidade da gestão pública, que implicará na redução de despesas correntes e na melhoria dos investimentos, contribuirá ainda mais para a diminuição do desemprego e da inflação. Só depois desse processo é que será possível fazer uma reforma tributária para aumentar a atividade econômica do país", argumentou.
Carteira assinada
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,4 milhões) não registrou variação em setembro ante agosto. Na comparação anual, houve elevação de 3,6%, o que representa um adicional de 393 mil postos de trabalho. A população ocupada (23,2 milhões) cresceu 0,9% em relação ao mês anterior (mais 212 mil pessoas).