Título: Vale vai investir menos
Autor: Furbino, Zulmira
Fonte: Correio Braziliense, 26/10/2012, Economia, p. 16

A Vale terá que se adaptar ao cenário de preços magros e instáveis no mercado internacional de minério de ferro e fará isso desinvestindo em projetos considerados periféricos em relação ao negócio-alvo da empresa, a maioria localizados fora do pais. A ideia, de acordo com diretor executivo de finanças, Luciano Siani, é buscar parcerias que dividam o esforço de caixa da companhia para viabilizar os investimentos e operações mais importantes.

A colaboração de outros grupos poderá alcançar ativos de níquel, fertilizantes e carvão. A única área em que sócios são descartados é a de produção de minério de ferro, principal atividade da empresa. A queda do preço do produto no mercado internacional, que alcançou 50% no último ano, foi a principal responsável pela redução de 57,8% do lucro líquido da Vale, no terceiro trimestre, em comparação com igual período de 2011.

Os planos da mineradora para superar as dificuldades foram apresentados ontem pelo presidente da empresa, Murilo Ferreira, à presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. Segundo a assessoria de imprensa da Presidência, a conversa girou em torno da volatilidade das cotações do minério de ferro, da produção de aço no mundo e dos investimentos da Vale no Brasil e no exterior. Ferreira também mostrou a Dilma os planos de criar uma empresa de logística, a VLI, para investir em portos e ferrovias.

A maior preocupação do Planalto é que o plano de venda de ativos, redução de investimentos e realocação de pessoal acabem gerando demissões no país. Em 2008, logo após o início da primeira onda da crise global, a Vale foi uma das primeiras a cortar empregados, o que colocou o então presidente da companhia, Roger Agnelli, em rota de colisão com o governo. Tempos depois, ele acabou substituído.

Disciplina

A queda de 18,8% da receita no terceiro trimestre implicará redução de investimentos, disse Siani a analistas do mercado financeiro. "Apesar disso, vocês estão vendo uma companhia ágil, que está se adaptando para fazer mais com menos. Podemos ser lucrativos nesse novo cenário, sempre com muita disciplina, já que a situação é menos exuberante", afirmou. O executivo disse que a previsão para 2013 ainda não está fechada, mas garantiu que a Vale continuará sendo a maior investidora privada do Brasil. (Colaborou Ana Carolina Dinardo)