Título: Cachoeira terá mais bens sequestrados
Autor: Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 27/10/2012, Política, p. 5

Pedido do MPF é para que sejam incluídos no rol de patrimônio bloqueado os imóveis no DF e no Entorno que laranjas tentavam vender às pressas, como o Correio denunciou JOÃO VALADARES

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça novo sequestro de bens da organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A informação foi confirmada ontem pelo procurador da República Daniel de Resende Salgado, um dos responsáveis pelas investigações da Operação Monte Carlo. De acordo com ele, a nova solicitação, remetida na semana passada, foi elaborada após cruzamento de dados e verificação de que alguns imóveis listados no documento encaminhado à Justiça, em março, ainda não tinham sido sequestrados por ordem judicial.

Agora, a expectativa é que a Justiça Federal determine o novo bloqueio já na próxima semana. Na primeira relação do Ministério Público, foram listados 167 imóveis e um avião. Esses bens, avaliados em R$ 141,6 milhões, estão registrados em nome de 29 pessoas e de três empresas ligadas à quadrilha do bicheiro. No relatório, a mulher de Cachoeira, Andressa Alves Mendonça, figura com o maior patrimônio. Apenas uma das fazendas da relação está avaliada em R$ 20 milhões. Os bens da ex-mulher do bicheiro, Andrea Aprígio de Souza, que incluem diversos imóveis e uma propriedade rural, foram avaliados em R$ 16,3 milhões.

Em 19 de setembro, a CPI do Cachoeira havia reiterado o pedido para que a Justiça bloqueasse todo o patrimônio da organização. A comissão continua apurando a existência de outros bens que podem ser fruto das atividades ilegais do bicheiro e de sua quadrilha. Mas os técnicos que atuam na CPI encontram dificuldades para rastrear esse patrimônio porque grande parte dos imóveis está registrada no nome de laranjas.

No pedido encaminhado pela CPI, foram acrescentados os imóveis que estavam sendo vendidos às pressas por José Olímpio de Queiroga Neto, braço direito de Cachoeira no Distrito Federal. Os terrenos, localizados na Região Administrativa de Santa Maria e no município de Valparaíso (GO), no Entorno, ainda não constavam no relatório produzido pela Polícia Federal no fim do ano passado.

O caso foi denunciado pelo Correio no início de setembro. Após as reportagens, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), conversou com membros do Ministério Público Federal e firmou um acordo para compartilhar as informações levantadas pelas investigações. Na mesma ocasião, além do sequestro dos bens, os parlamentares solicitaram à Justiça que os 81 denunciados na ação penal resultante da Operação Monte Carlo depositassem seus passaportes em juízo, sob pena de decretação de prisão preventiva.

Prorrogação indefinida Os trabalhos da comissão estão suspensos desde 16 de outubro, com a justificativa de que o clima político das sessões para votação de requerimentos poderia contaminar o processo eleitoral. Na próxima terça-feira, uma reunião de líderes vai definir o prazo da prorrogação das investigações. Os governistas querem apenas 30 dias a mais, enquanto a oposição defende esticar os trabalhos por mais 180 dias.

Na quarta-feira, uma reunião administrativa deve apreciar em bloco mais de 500 requerimentos. A maior parte pede a quebra de sigilos fiscal, telefônico e bancário das empresas fantasmas ligadas à Construtora Delta, envolvida no esquema de corrupção