Título: Apagão vira combustível eleitoral
Autor: Braga, Juliana; moura, Aline
Fonte: Correio Braziliense, 27/10/2012, Política, p. 7

Líderes da oposição e até aliados de Dilma criticaram a falta de investimentos federais no setor elétrico. Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o governo demorou para agir no caso do apagão de ontem Juliana Braga Aline MouraBrasília e Recife — Enquanto a equipe técnica do governo ainda buscava respostas para o que ocorreu na madrugada de quinta para sexta-feira, opositores já exploravam o apagão que deixou parte do Norte e do Nordeste sem luz por cerca de duas horas. Líderes da oposição e até o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível candidato a presidência em 2014, aproveitaram o episódio para, na reta final da campanha eleitoral, desferir ataques ao governo federal.

Eduardo Campos, no dia anterior, já havia encaminhado uma carta à presidente Dilma Rousseff cobrando urgência nos programas de combate à seca no Nordeste. Ontem, divulgou nota na qual criticou a lentidão do governo federal para reagir a eventos como o blecaute de quinta-feira. “É preciso melhorar o tempo de resposta, porque a insegurança quanto à regularidade do serviço (elétrico) prejudica, inclusive, a confiança dos investidores”, disse. “O que nos preocupou foi o tempo que o Operador Nacional de Sistemas (ONS) precisou para restabelecer o serviço. Ficamos muito tempo com as cidades às escuras e muitos serviços essenciais na iminência do colapso”, completou.

Essa foi a terceira vez em menos de um mês que Eduardo Campos expôs, publicamente, críticas em relação às ações do governo federal. A primeira cobrança feita por ele, em 8 de outubro, dizia respeito à necessidade de se fechar um pacto federativo que minimize os efeitos da política econômica nos estados e municípios.

Quem também politizou o apagão foi o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, que chegou a citar os investimentos feitos por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no setor elétrico quando ocupou a presidência. “Nos tempos do Fernando Henrique, aconteceu um ou outro episódio e todas as providencias foram tomadas para evitar novos apagões. Depois de todo esse aparato construído, com termelétricas para atender às emergências, agora é que o apagão veio pra valer”, comparou Bueno.

O líder do PPS ressaltou ainda que, como Dilma foi ministra de Minas e Energia no governo do presidente Lula, deveria conhecer a situação do setor para evitar episódios como o da madrugada de ontem. “Um governo tão incompetente que não consegue evitar um apagão. Dilma deveria saber que investimentos nessa área exigem tempo. E já são 10 anos de PT no governo”, disparou.

Por meio de nota, o DEM também alfinetou Dilma pela falta de investimentos e pelo “abandono da meritocracia” nas estatais. “A desorganização das empresas de energia elétrica nos governos do PT fragiliza a manutenção e a operação do sistema. Some-se a isso a falta de investimentos.”

O Palácio do Planalto evitou entrar na polêmica. A Secretaria de Imprensa da Presidência se limitou a dizer que todas as informações referentes ao blecaute seriam dadas pelo Ministério de Minas e Energia.